Conversa mole – Relator do processo contra o empresário da jogatina Carlos Augusto Ramos, o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, atendeu a um pedido da CPI do Cachoeira e liberou o acesso ao conteúdo do inquérito, com a condição da manutenção do sigilo. Trata-se de um pedido desnecessário e embalado pela hipocrisia, pois dados da investigação que culminou com a Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, têm sido vazados regular e pausadamente a determinados órgãos da imprensa.
Pedir a manutenção do sigilo nesse caso é querer zombar do raciocínio dos brasileiros, que diariamente aguardam a divulgação de novos e sórdidos capítulos do caso de corrupção que envolve políticos, autoridades e empresários. E tudo o que é noticiado vem com o carimbo da exclusividade.
O vazamento das informações não tem acontecido por acaso, pois nos bastidores alguém se beneficia com a operação. Ou acredita que se beneficia. A continuar assim, com essa divulgação a conta-gotas, o processo contra Cachoeira e sua turma poderá ser contestado e eventualmente perder a validade. O silêncio dos advogados dos acusados é estranho.
É fato que o estrago já foi feito e no que tange a opinião pública não haverá volta, mas considerando que apenas o Supremo, a Polícia Federal e a Procuradoria Geral da República estão de posse dos referidos documentos, alguém em um desses três órgãos está violando a determinação da Justiça. E não causará surpresa se alguns dos culpados permanecerem impunes.
Muito estranhamente, o PT tem mantido silêncio em relação ao vazamento das informações. Logo após as investigações do assassinato do então prefeito Celso Daniel, de Santo André, o PT agiu rápido na tentativa de estancar a divulgação das gravações de que desvendavam a farsa. Agora, os petistas fingem desconhecer o assunto.