Convite a procurador para participar de CPI mostra o despreparo do presidente e do relator

Jogo de cena – O despreparo da maioria dos parlamentares que frequentam o Congresso Nacional chega a ser vexatório. Na manhã desta quarta-feira (2), o presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito criada para investigar a teia de relacionamentos do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, convidou o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, para depor na CPI, com o objetivo de detalhar aos integrantes do colegiado os principais pontos do processo.

Por força do que determina o Código de Processo Penal, Gurgel, assim como qualquer membro do Judiciário ou do Ministério Público não pode ser testemunha no mesmo processo em que atua. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal têm técnicos capazes de prever esses impedimentos legais. Esse desconhecimento do presidente da Comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), e do relator, Odair Cunha (PT-MG), mostra o nível da condução dos trabalhos da CPI.

Beira o inimaginável alguém que se predispõe a julgar um terceiro sem ter conhecimento raso do Código de Processo Penal, que servirá como bússola para a condução dos trabalhos, sob pena de erros serem cometidos durante a CPI e anular as investigações. Pela quantidade de políticos de diversos partidos envolvidos no escândalo é sabido que a CPI do Cachoeira tem tudo para dar em nada, com perdão do paradoxo, mas a massa da anunciada pizza está crescendo muito mais rápido do que se imaginava.

O convite ao procurador Roberto Gurgel serviu apenas como factóide para acender os holofotes na direção dos que controlam a CPI, como forma de mostrar à opinião pública uma lisura que nem de longe se fará presente. Basta contemplar a disposição dos governistas para blindar os governadores Agnelo Queiroz (DF) e Sérgio Cabral Filho (RJ).