Para cima – No momento em que o Palácio do Planalto tenta estimular a indústria nacional e incentivar o consumo interno, a Bolívia interfere na economia brasileira ao aumentar o preço do gás natural, prejudicando sobremaneira o setor industrial paulista. De acordo com a Comgás, o gás natural terá o preço aumentado em 22%, por causa do atrelamento do produto boliviano ao dólar. Trata-se do terceiro aumento em um ano. Nos dois aumentos anteriores, o gás natural subiu 19%. Em doze meses, a majoração da tarifa chega a incríveis 45%.
Em São Paulo, muitas empresas, em especial as de vidro e cerâmica, têm o gás natural como principal fonte de energia, produto com peso considerável na composição de custo (25% a 35%). Do gás natural distribuído pela Comgás às indústrias paulistas, 64% são oriundos da Bolívia. Esse aumento por certo impactará nos preços dos produtos e por fim alimentará ainda mais a inflação, fantasma maior da amaldiçoada herança deixada por Luiz Inácio da Silva à sua sucessora.
Quando expropriou uma unidade da Petrobrás na Bolívia, o presidente Evo Morales se comprometeu a manter o fornecimento do produto em condições que não causassem transtornos à economia verde-loura, uma vez que o Brasil investiu nas redes de transporte do produto. Resta saber qual será a atitude do Palácio do Planalto diante desse aumento, que deve ser discutido com Evo Morales antes que o estrago se consume.