Discurso contrário – Há algo desconexo no Palácio do Planalto em relação à economia nacional. As recentes medidas adotadas para estimular o crédito e consequentemente incentivar o consumo interno não deram os resultados esperados. Tanto é verdade, que representantes do setor automobilístico se reuniram com o ministro Guido Mantega (Fazenda) em busca de soluções, pois as montadoras estão com os estoques em níveis elevados.
Na tarde desta segunda-feira (21), o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, anunciou que nas duas últimas semanas foi detectada melhora no volume de concessões de crédito e na redução das taxas de juro cobradas pelos bancos. Mesmo assim, o governo lançará novas medidas de estímulo ao crédito.
Horas depois, a presidente Dilma Vana Rousseff afirmou, durante solenidade em Santa Catarina, o Brasil está “300% preparado” para enfrentar os efeitos colaterais da crise internacional. “Posso assegurar: nós estamos 100%, 200%, 300% preparados. E esta obra aqui faz parte dessa resistência contra a crise”, declarou Dilma.
Não há como confiar em informações tão díspares, uma vez detalhes importantes do cotidiano econômico colocam por terra o discurso oficial. Na última semana, temendo a rápida valorização do dólar, o Banco Central entrou no mercado vendendo a moeda norte-americana. Nesta segunda, a cotação do dólar alcançou a maior cotação desde maio de 2009, encerrando os negócios valendo R$ 2,04.
Como se sabe, a desvalorização do dólar frente ao real serviu durante anos para o governo manter sob controle a inflação, que continua externando sinais de resistência. Com o dólar em alta, a tendência é a inflação recobrar as forças e causar estragos na economia verde-loura. Se o Brasil estivesse muito preparado para enfrentar os efeitos da crise, em especial a que chacoalha a União Europeia, como anunciou a presidente Dilma, o governo não estaria às voltas com a criação de novas medidas.
Fato é que a bolha de virtuosismo lançada por Luiz Inácio da Silva começa a estourar e nenhum petista até então ousou criticar a herança maldita deixada pelo ex-metalúrgico.