Pane seca – Meses após a FIFA anunciar o Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014, o secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke, externou sua preocupação com a situação caótica dos aeroportos brasileiros. Na ocasião, o então presidente Luiz Inácio da Silva, abusando de sua conhecida deselegância, chamou Valcke de idiota. Por questões óbvias a ofensa aconteceu de forma indireta e inominada, pois o protocolo da Presidência não recomenda esse tipo de tratamento típico de botequim.
À época, Lula anunciou investimentos de R$ 5 bilhões na reforma e ampliação dos aeroportos, mas pouco do que foi prometido transformou-se em realidade. Diante do impasse, a saída foi entregar à iniciativa privada, por meio de outorga, três importantes aeroportos brasileiros: Guarulhos, na Grande São Paulo, Viracopos, em Campinas, e Brasília. Enquanto os brasileiros comemoravam a decisão da FIFA, o Palácio do Planalto anunciava a construção do trem de alta velocidade, cujo projeto prevê a ligação das cidades de Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro. Depois de tropeçar na pirotecnia palaciana, o projeto do trem-bala ficou no papel, sendo que até para os Jogos Olímpicos de 2016 a obra deverá ser descartada.
Ministro do Esporte, o deputado federal licenciado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) também não tem resposta para o problema de transporte de turistas no País com vistas à Copa. Entrevistado na segunda-feira (21) pelo competente jornalista Wanderley Nogueira, da rádio Jovem Pan, Rebelo escapou pela tangente ao ser perguntado sobre a solução para o problema que reina nos aeroportos. Aldo Rebelo se limitou a dizer que o governo e as empresas envolvidas no transporte aéreo erraram ao dimensionar a demanda por viagens de avião.
Vencida a complexa etapa dos aeroportos, os turistas que forem atraídos pela Copa do Mundo terão outro problema pela frente. O a hospedagem. A falta de investimentos no setor hoteleiro e baixa qualidade dos serviços prestados pela maioria dos hotéis já configuram um empecilho. Como se fosse pouco, as tarifas cobradas pelos hotéis são inversamente proporcionais aos serviços prestados e à categoria dos estabelecimentos.
Para tentar amenizar os problemas que surgirão no setor hoteleiro, autoridades do governo têm recomendado que famílias recebam em suas casas os turistas que virão ao Brasil por causa da Copa e dos Jogos Olímpicos. Naquele não tão distante 31 de outubro de 2007, Lula disse, na sede da FIFA, que o Brasil faria a melhor Copa da história. Por tudo o que vem acontecendo – e deixando de acontecer – não é difícil imaginar a maravilha que será o Mundial de futebol.