Maior abandonado – Depois de chantagear o ministro Gilmar Mendes, o que poderia lhe render ordem de prisão em flagrante, o abusado Luiz Inácio da Silva ressurge em cena na condição de maior abandonado e mal compreendido. Ao proferir palestra no V Fórum Ministerial de Desenvolvimento, em Brasília, Lula disse que tem de “tomar cuidado” com pessoas que “estão aí no pedaço” e que não gostam dele.
Para completar, Lula comunicou aos presentes que falaria de pé para acabar com as especulações de que está doente. Pelo que se sabe, só caminha apoiado em bengala quem tem algum problema de saúde. Fora isso, só adota esse procedimento quem tem algum tipo de psicose em relação ao velho e saudoso Bat Masterson, personagem de um seriado de televisão exibido nos Estados Unidos entre os anos de 1958 e 1961. Anos mais tarde, com sua inseparável bengala, Bat Masterson chegou à televisão brasileira.
“Vou falar de pé porque senão vão dizer que eu estou doente. Então, para evitar esses pequenos dissabores… Vocês sabem que tem muita gente que gosta de mim, mas tem algumas pessoas que não gostam. Eu tenho que tomar cuidado contra essas. São minoria, mas estão aí, né, no pedaço”, afirmou, sem citar nomes, no início da palestra sobre políticas para redução da desigualdade social.
Esse discurso, encomendado e previamente ensaiado, teve por objetivo convencer a opinião pública da inocência de Lula na tentativa fracassada de postergar o julgamento do Mensalão do PT, que deve acontecer dentro de algumas semanas no Supremo Tribunal Federal. Como a condenação dos envolvidos é considerada tecnicamente inevitável, Lula partiu para a chantagem como forma de defender alguns “companheiros”, esquecendo-se que desde janeiro de 2011 é um cidadão comum e que está sujeito às garras da lei. O ex-presidente só não recebeu voz de prisão porque no momento do cometimento do crime a única testemunha, Nelson Jobim, pende para o lado do petista.
Lula pode até enganar durante algum tempo, mas o tempo inteiro é impossível. Sua aparição nesta quarta-feira faz parte de um enredo elaborado pela cúpula do PT, que tem aproveitado todas as ocasiões que surgem para vender aos incautos a ideia de que o entrevero com Gilmar Mendes não passou de mais um golpe das elites, palavrório fácil e mentiroso que Lula tanto usa.