Fim de linha – O que faltava e muitos acreditavam que não ocorreria, acabou acontecendo. Nesta quarta-feira (30), o PSOL, que luta para manter a estridência política, protocolou, na Procuradoria Geral da República, representação contra o ministro Gilmar Mendes, questionando a conduta do integrante do STF em relação ao encontro com o ex-presidente Lula, ocasião em que foi chantageado.
Para a bancada do PSOL, a conduta do ministro do Supremo Tribunal Federal é bastante questionável. No documento, o partido cobra a apuração das razões que levaram Gilmar Mendes a comentar o assunto quase um mês após o encontro em que Lula sugeriu o adiamento do julgamento do escândalo que ficou nacionalmente conhecido como Mensalão do PT. “A sua reação de permanecer em silêncio, inclusive diante da assertiva de que tal constrangimento seria estendido aos demais membros do STF, deve ser apurada”, destaca a legenda no documento protocolado na PGR.
Sobre a possibilidade de Gilmar Mendes ter viajado em aviões não oficiais ou de carreira, os parlamentares do PSOL entendem que “há sim algo de anormal em um Ministro do Supremo Tribunal Federal aceitar caronas aéreas em aviões particulares”. Alegam que “a função jurisdicional, assim como qualquer outra função pública, exige absoluta cautela em aceitar qualquer favor e nítida separação entre o público e o privado”.
Esse bom mocismo do PSOL não veio à tona quando a então senadora Heloísa Helena foi autuada pela Receita Federal por omitir rendimentos, como ajuda de custo e ajuda de gabinete que recebia como deputada na Assembleia Legislativa de Alagoas. Condenada pelo Superior Tribunal de Justiça a devolver R$ 1 milhão aos cofres alagoanos, Heloísa Helena negociou e conseguiu parcelar o pagamento, sempre alegando que o dinheiro foi doado a instituições de caridade.
Deixando de lado o entrevero envolvendo Heloísa Helena, o PSOL se vale do oportunismo para açoitar Gilmar Mendes, que revelou publicamente o fato quando percebeu que Lula atuava nos bastidores para desmoralizar os integrantes do STF contrários ao adiamento do julgamento do caso do mensalão. Antes disso, alguns integrantes da Corte foram informados do encontro e da chantagem patrocinada pelo ex-metalúrgico, até porque um encontro em Brasília jamais permanece no terreno do segredo.