Loucura permitida – É simplesmente inconcebível a forma com o governo federal vem administrando os efeitos da crise internacional, que começou afetando a União Europeia e já alcançou diversas nações fora do Velho Mundo. Como consequência da irresponsável receita adotada pela presidente Dilma Rousseff, que repetiu o antecessor, o movimento de consumidores nas lojas cresceu 4,1% em maio, de acordo com dados divulgados nesta terça-feira (5) pela Serasa Experian. De acordo com a pesquisa, trata-se da maior variação mensal desde agosto de 2007. Em comparação com maio do ano passado, a alta foi de 9,8%. Nos cinco primeiros meses do ano, a atividade no setor do varejo registrou avanço de 7,1%, na comparação com o mesmo período de 2011.
Para os economistas da Serasa, o impulso no setor de comércio é resultado da redução do IPI sobre automóveis e os chamados “feirões” promovidos pelas montadoras. O comércio de veículos apresentou crescimento de 4,9% em maio, maior alta desde agosto de 2011. O Dia das Mães, uma das datas mais esperadas pelo comércio, também contribui para o avanço da atividade varejista, com forte presença dos setores de eletroeletrônicos, informática e móveis. Outro segmento que contribuiu para a alta foi o de material de construção.
No contraponto, os segmentos supermercados, alimentos e bebidas, combustíveis e lubrificantes, tecidos, vestuário, calçados e acessórios apresentaram evoluções mais acanhadas.
Esse cenário, que repete o de 2008, quando o então presidente Luiz Inácio da Silva empurrou o brasileiro para a seara do consumo como forma de enfrentar a crise financeira de então, produzirá mais uma vez uma legião de endividados, que comprometerão seus minguados salários com financiamentos e carnês quase infindáveis. Trata-se de uma estratégia míope e oportunista, que cria um problema novo e prorroga sua estreia.
Beira a irresponsabilidade apostar todas as fichas no consumo interno quando o próprio governo tem conhecimento que 70% da população brasileira recebe menos do que dois salários mínimos. Recentemente, a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República divulgou que são considerados integrantes da classe média os que recebem mensalmente entre R$ 291 e R$ 1.091. Ou seja, como bem disse a socióloga Cláudia Sciré, o que esses milagreiros palacianos fazem é a “financeirização da pobreza”.