Alvo de investigação por supostas irregularidades, diretor do Ministério do Turismo pede demissão

Olho da rua – Acusado de utilizar o cargo no Ministério do Turismo para favorecer entidade dirigida por parentes, Ricardo Martini Moesch, diretor do Departamento de Estruturação, Articulação e Ordenamento Turístico (Deaot) da pasta, pediu exoneração. O pedido foi apresentado ao ministro Gastão Vieira nesta segunda-feira (11), que aceitou de pronto. De acordo com Moesch, a decisão tem por objetivo preservar “sua imagem profissional, pessoal e da família”.

A portaria com a exoneração de Ricardo Martini Moesch será publicada na edição de terça-feira (12) do Diário Oficial da União. Moesch foi acusado de autorizar contratos e liberar verbas para o Instituto Marca Brasil (IMB), que tinha a mãe em cargo de direção e a mulher como advogada.

Independentemente da demissão, o ministro Gastão Vieira deve explicações, pois desde outubro de 2011 eram conhecidas as transgressões cometidas por Moesch, que permaneceu no cargo apesar das evidências apontadas por sindicância interna.

Em nota, a assessoria de Gastão Vieira alegou que a demissão do servidor poderia atrapalhar as investigações. Segundo o próprio Moesch, a Controladoria-Geral da União (CGU), em recomendação emitida em maio, solicitou que em casos semelhantes os servidores suspeitos permaneçam no cargo, destacando que não devem ser aceitos de férias, afastamento ou exoneração.

Ora, se a recomendação da CGU foi seguida à risca e só agora o pedido de demissão foi aceito, a alguma conclusão os investigadores chegaram. E essa conclusão não pode ser favorável ao investigado, pois do contrário o pedido de demissão perderia o sentido. O grande problema é o excesso de impunidade atrelado ao abuso na feitura e interpretação das leis. Fosse o Brasil um país minimamente sério, todos os envolvidos no esquema já estariam presos e com os bens indisponíveis, além da demissão imediata do ministro da pasta.

Esse cenário reforça a tese de que o esquema do mensalão, que será julgado pelo STF em breve, foi substituído pelo loteamento dos ministérios, nos quais os partidos da chamada base aliada se responsabilizam pelos escândalos que surgirem.