Mãos ao alto – O Palácio do Planalto tem ordenado a maciça divulgação da redução das Texas de juro ao consumidor, como se fosse uma sonora e confiável mágica. Enquanto os bancos oficiais – Banco do Brasil e Caixa – torram suas reservas para manter em alta a popularidade da presidente Dilma Rousseff e dar ares de credibilidade às declarações de algumas autoridades da área econômica, os bancos privados continuam fazendo a festa.
No domingo (1), em um desses enfadonhos programas de auditório, uma financeira oferecia aos telespectadores empréstimos, cujos juros são provavelmente os mais altos do planeta. De acordo com o anúncio, um empréstimo de R$ 5 mil pode ser pago em 24 parcelas de R$ 368. Ou seja, ao final de dois anos o incauto cidadão terá desembolsado nada menos que R$ 8.832,00, ou seja, 76,64% a mais do que o valor do empréstimo.
Com números para lá e para cá, de chofre conclui-se que o juro anual é de 38,32%, uma vez que o prazo de pagamento é de dois anos. Como o pagamento é mensal, o prazo médio de amortização da dívida cai para um ano, o que faz com que o juro desse anunciado empréstimo é de 76,64% ano. E toda essa acintosa proposta acontece com a silenciosa anuência do governo de Dilma Rousseff, que em sua campanha recebeu gordas doações dos banqueiros.
Quando foi promulgada, em 1988, a Constituição Federal trazia em seu bojo o artigo 192, que tratava como crime de usura a cobrança de juros acima de 12% ao ano. Contudo, o mesmo artigo carregava uma armadilha. A necessidade de lei complementar para entrar em vigor. Como o PT só chegou ao poder central porque os banqueiros despejaram verdadeiras fortunas na campanha do então candidato Lula, a contrapartida foi dada logo em seguida, com os petistas ignorando o vilipêndio aos bolsos dos trabalhadores e concordando com as mudanças necessárias para atender a volúpia do mercado financeiro.
Em tempos outros, o PT defendia com fervor a estatização dos bancos, mas agora os petistas convivem com os banqueiros como se fossem irmãos siameses. Fosse o Brasil um país minimamente sério, esses banqueiros já estariam devidamente presos.