Ferramenta eleitoral – A liberação de emendas parlamentares por parte do governo, em cima da hora, foi duramente criticada por políticos da oposição, que viram os integrantes da base aliada serem beneficiados de forma covarde e que atenta contra a democracia. Enquanto os deputados e senadores que rezam pela cartilha do Palácio do Planalto terão à disposição R$ 4,5 milhões cada um, os da oposição serão obrigados a se contentar com R$ 1,5 milhão.
O tratamento diferenciado acontece a dias do prazo final, já que a legislação eleitoral fixa como prazo final o dia 7 de julho para a liberação de emendas. Nos redutos políticos dos parlamentares da base aliada esse tratamento desigual é considerado como arma política a ser usada nas campanhas que se aproximam. Com essa manobra, o Palácio do Planalto conseguiu evitar algumas votações que não lhe interessavam.
Um dos que chiou diante da decisão palaciana foi o deputado federal Ronaldo Caiado (DEM-GO), para quem o dinheiro da União foi transformado em peça de campanha. “Infelizmente, estamos convivendo ainda com o Executivo usando o orçamento da União para pressão em momentos de votação na Câmara e no Senado. O mais grave é o governo dizer explicitamente que o orçamento é uma peça de campanha eleitoral”, disse o parlamentar goiano.
Caiado criticou ainda a incapacidade do governo de conter a inflação, de combater o endividamento das famílias e o desgaste na área da saúde enquanto usa o orçamento para atender pleitos eleitorais de municípios, segundo interesses da base aliada.
Repetindo o antecessor, a neopetista Dilma Rousseff ainda não compreendeu que, ultrapassada a fase da vitória nas urnas, ela transformou-se em presidente de todos os brasileiros, não lhe cabendo o direito de discriminar os cidadãos que se identificam com os partidos que fazem oposição ao Palácio do Planalto. Trata-se de mais um absurdo cometido pela presidente, que abusa do cargo e não aceita críticas de qualquer espécie, sob pena de colocar em ação sua conhecida truculência no trato com as pessoas.
Em qualquer país minimamente sério, Dilma já estaria sendo processada por desrespeitar a democracia e usar o dinheiro do contribuinte para fazer política partidária. E a presidente só estendeu a liberação de emendas para além do PT porque na América Latina descobriu-se, com a ajuda do vizinho Paraguai, que impeachment é uma questão de vontade e articulação.