Dinheiro na mão é vendaval – Presidente nacional do PPS, o deputado federal Roberto Freire (SP) protocolou, nesta quarta-feira (11), pedido para que a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle investigue, com o auxílio do Tribunal de Contas da União (TCU), as denúncias de irregularidades na compra e gestão do Banco Votorantim pelo Banco do Brasil.
O BB comprou 49,9% do capital do banco por R$ 4,2 bilhões, salvando a instituição quando a inadimplência já ultrapassava os padrões aceitáveis pelo Banco Central. O ex-presidente Luiz Inácio da Silva disse que “mandou o BB comprar o Votorantim” por causa da carteira de financiamento de carros usados do banco e da necessidade de incentivar o setor. Para o colunista de economia do jornal “O Globo”, Carlos Alberto Sardenberg, foi um “péssimo negócio”.
Absurdo
Opinião idêntica foi expressada pelo secretário de formação da Contraf (Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Financeiro) – CUT, William Mendes. A entidade deixou claro que avaliava como “um absurdo sem tamanho, nesse momento em que a crise europeia bate à porta, o BB alocar mais de R$ 1 bilhão no banco (Votorantim)”.
Prossegue a Contraf: “Esse aporte vai causar impacto negativo no resultado do Banco do Brasil e comprova mais de uma vez que a aquisição de parte do Votorantim foi um péssimo negócio e um grande equívoco da diretoria (do BB) e do governo federal, como a Contraf-CUT inúmeras vezes apontou na época”.
O próprio ex-presidente Lula declarou que quando foi comprar o Votorantim teve de se “lixar” para a especulação. A ação gerou prejuízos de mais de R$ 1 bilhão aos cofres públicos.
No final do mês passado, o BB e a Votorantim Financeira anunciaram novo aporte de capital social em partes iguais – R$ 1 bilhão cada. O objetivo é dar novo fôlego ao banco, que vem sofrendo pesadas perdas com calotes principalmente dos financiamentos de veículos novos.
Denúncias da imprensa dão conta, ainda, que os salários dos executivos do Votorantim estão entre R$ 30 mil e R$ 40 mil mensais e que os bônus giram na casa dos milhões. Um gerente do banco teria recebido R$ 13 milhões em um ano só, quando a média paga pelo Bradesco aos diretores é de R$ 3,7 milhões; no caso do Itaú, de R$ 8,1 milhões e do Santander, R$ 4,7 milhões.
“Como o Estado pode colocar bilhões de reais em um banco que sequer é gerido pelo governo? Até agora, o que vimos foi o BB entrar com dinheiro para cobrir prejuízos de más gestões e algumas pessoas levando milhões pela incompetência”, diz o deputado Roberto Freire.