Dilma entra na guerra político-partidária que tem a greve dos servidores como pano de fundo

Veneno caseiro – Ainda que pouco experiente no trato diário da política, algo que seu temperamento não permite, a presidente Dilma Rousseff percebeu a manobra de alguns companheiros pro trás da greve dos servidores federais, que cruzaram os braços por melhores salários.

Ciente de que comprar diretamente a briga lhe traria desgaste político, Dilma transferiu a responsabilidade da negociação para a ministra Miriam Belchior, do Planejamento, que tem sobre a escrivaninha a planilha com os gastos do governo e as eventuais sobras de caixa. Muito próxima do ex-presidente Lula, a ministra Miriam Belchior, que já trabalhou sob o comando da companheira Dilma, não toma qualquer atitude sem antes consultar a presidente, que dita os passos da negociação.

A ordem presidencial é endurecer o jogo com os grevistas e descontar os dias parados, o que deve dificultar ainda mais a negociação. No caso dos professores das universidades e institutos federais, a oferta do governo foi de aumento de até 45%, em parcelas anuais que começariam a ser pagas a partir de 2013. A proposta do governo foi rejeitada pelos grevistas e foi comparada por alguns parlamentares ao popular “cheque atleta”. A aposta dos assessores da presidente é que o movimento deve perder força com o desconto dos dias parados.

Há nesse cenário conturbado duas situações distintas nos bastidores. A ruidosa greve dos servidores está sendo usado por integrantes da esquerda para desgastar a presidente Dilma Rousseff, que mais adiante poderá desistir de concorrer à reeleição. Assunto que interessa sobremaneira ao fantasioso Luiz Inácio da Silva, que opera em várias frentes para minar o governo da sucessora, o que tem se dado através de prepostos do ex-metalúrgico.

A outra situação é a decisão do Palácio do Planalto de enfrentar os grevistas e comprometer a imagem dos mesmos junto à opinião pública. O que em tese pode dar certo. A primeira evidência dessa estratégia surgiu em declaração da ministra Miriam Belchior, que disse que enquanto países da União Europeia estão cortando os salários do funcionalismo, o governo brasileiro quer, no momento de crise, negociar.

Política é jogo sujo com direito a vários e quase infindáveis capítulos. E a guerra pela principal cadeira palaciana está apenas começando. Muito mais lama virá pela frente.