Perdido com a segurança pública em São Paulo, PSDB abusa da soberba e não aceita críticas

Penas no ar – Mesmo que não faça oposição de resultado ao governo do Partido dos Trabalhadores, o PSDB é competente nas críticas por causa do preparo e da eloquência dos integrantes da legenda. Contudo, quando o partido é alvo de alguma estocada adversária entra em cena a intransigência tucana. Falta ao partido saber diferenciar uma crítica procedente de outra descabida.

Não é de hoje que o ucho.info critica a ineficiência do governo do tucano Geraldo Alckmin na solução da insegurança pública. Em algumas ocasiões fomos acusados de favorecer os adversários do PSDB, mas nosso compromisso é fazer jornalismo opinativo e independente, além de defender os interesses da sociedade. A violência na maior cidade brasileira, São Paulo, ultrapassou com folga o limite do suportável, restando aos cidadãos apenas reclamar.

Com os bandidos atuando em várias frentes do crime, à Secretaria de Segurança Pública tem restado o papel de comentar e explicar os delitos cometidos e, tempos depois, anunciar a eventual prisão dos fora da lei. Consideradas a pujança e a importância do Estado de São Paulo e também da capital paulista, muitos crimes poderiam ser evitados. Colocar um policial em cada esquina da cidade é uma operação impossível, mas o serviço de inteligência das polícias Civil e Militar poderia ser melhor aproveitado.

Há dias, no vácuo da repercussão da morte de um turista italiano, friamente assassinado na Zona Sul da cidade de São Paulo, o governador disse que o Estado vive uma espécie de “estresse em relação à segurança pública”. Geraldo Alckmin é um político experiente e sabe que falar em “estresse” é no mínimo zombar do contribuinte, que paga pesados impostos sem a devida contrapartida nas questões de segurança, por exemplo. Os tucanos precisam reconhecer que esse discurso em cima do muro do governador é inaceitável e pode ser considerado com um desrespeito aos cidadãos de bem.

Aproveitando a repercussão negativa de diversos crimes cometidos nos últimos dias, o procurador da República Matheus Baraldi Magnani pediu o afastamento do comando da Polícia Militar em São Paulo. O assunto reverberou e o líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Bruno Araújo (PE), considerou estranho o pedido de Magnani. “A ação beira o ridículo e tem mais cheiro de política do que assuntos relacionados à polícia. Temos muito respeito pela instituição do Ministério Público, mas neste caso específico há nitidamente a ação de um agente público que está à procura dos holofotes”, disse o parlamentar.

Bruno Araújo, em seu desabafo, recordou a atual crise da segurança pública na Bahia, que viveu prolongada greve dos policiais no estado, mas que não mereceu a pirotecnia dos procuradores locais. O tucano lembrou ainda que o procurador Matheus Baraldi Magnani já foi punido pelo Conselho Nacional do Ministério Público por conduta irregular.

A declaração do procurador causou reboliço porque o país está em período eleitoral e nenhum partido quer ser atingido por situações dessa natureza, mas é preciso reconhecer que algo precisa ser feito com urgência para minimizar o problema da insegurança pública. Em qualquer empresa substituições são feitas com normalidade quando é preciso melhorar a eficiência. E nos governos não deve ser diferente, pois a população não pode ser transformada em cobaia por causa de interesses políticos.

Que desçam do salto alto os tucanos e reconheçam que de nada adianta Geraldo Alckmin escalar algum assessor ou secretário para informar que determinada modalidade de crime aumentou e que outra diminuiu, pois a sociedade quer resultados práticos, não promessas ou estatísticas.