Dinheiro a rodo – Faltando pouco mais de 24 horas para o início do julgamento do Mensalão do PT, pelo Supremo Tribunal Federal, é tenso o clima nos bastidores da política e do mundo do direito. Enquanto os mensaleiros oram e fazem figas para que tudo saia a contento, advogados e assessores se movimentam na busca de melhores detalhes que garantam eventuais absolvições ou penas mais brandas.
Conhecido como implacável em suas decisões e profundo conhecedor da lei, a qual interpreta ao pé da letra, o ministro Joaquim Barbosa, relator do processo do Mensalão do PT, não deve ter aliviado a caneta no momento de condenar os envolvidos cuja participação no esquema ficou comprovada. Como a decisão será colegiada, alguns dos acusados serão contemplados pela absolvição, uma vez que torna-se plural o entendimento de culpa por parte dos ministros. Na esteira desse julgamento algumas absolvições ocorrerão por falta de provas, as quais não foram carreadas ao processo por causa da interferência do PT palaciano na CPI dos Correios.
Que o esquema de cooptação de apoio parlamentar através do pagamento de mesadas regulares existiu não restam dúvidas, pois depoimentos de alguns dos acusados não deixam dúvidas a respeito. Depois da eclosão do escândalo, a forma de compensar a chamada base aliada foi substituída pela distribuição de ministérios e cargos no segundo escalão da máquina federal, sendo que o ônus de qualquer imbróglio passou a ser dos partidos políticos, o que explica os escândalos mais recentes. O mensalão foi o primeiro modelo de corrupção a ser sugerido nos primórdios do governo Lula, mas o staff presidencial, com a discordância de alguns dos seus integrantes, preferiu o esquema criminoso de pagamento de mesadas.
Enquanto fazem juras de inocência e alegam jamais ter recebido qualquer dinheiro do maior caso de corrupção da história nacional, os acusados de envolvimento no escândalo parecem não se importar com os valores dos honorários cobrados pelos advogados contratados para defendê-los. Os denunciados mais ilustres recorreram a advogados à altura e devem desembolsar muito dinheiro. Em um caso como o do Mensalão do PT, um advogado com pouco brilho, que atende a raia miúda, cobra em média R$ 500 mil, já incluso o valor de sucesso da causa. Os considerados médios cobram até R$ 1,5 milhão. Contundo, há advogados cobrando acima de R$ 3 milhões por cada acusado.