Dilma quer distância do mensalão, mas condenação de alguns companheiros é trunfo político

Não é bem assim – A ordem no Palácio do Planalto é manter distância do julgamento do Mensalão do PT, que começa na quinta-feira (2), no Supremo Tribunal Federal. A determinação partiu da presidente Dilma Vana Rousseff, que tenta evitar respingos do escândalo em seu governo.

No calhamaço de papel sobre o caso – são aproximadamente 50 mil folhas – há depoimentos de diversas testemunhas, entre elas a presidente Dilma Rousseff, o ex Luiz Inácio da Silva e o atual vice-presidente Michel Temer.

Por ocasião do depoimento, Dilma ainda chefiava a Casa Civil e disse o seguinte sobre o antecessor, o cassado José Dirceu de Oliveira e Silva, acusado pela Procuradoria-Geral da República de ser o chefe dos mensaleiros: “Eu não tinha ouvido [falar do mensalão]. Tomei conhecimento pelas notícias da imprensa. (…) Não tenho conhecimento de que Dirceu tenha beneficiado instituições financeiras. Acho o ministro José Dirceu um injustiçado. Tenho por ele um grande respeito”.

Horas depois de ter o mandato de deputado federal cassado pela Câmara, por causa do seu envolvimento no escândalo, José Dirceu disse que retomaria a advocacia, pois não tinha como garantir o sustento de sua família. Desde então, o ex-comissário palaciano jamais se dedicou ao Direito, tendo atuado nesse período como lobista de grandes empresários que têm negócios com o governo ou algum tipo de interesse.

Por certo Dilma não teceria críticas ao companheiro José Dirceu, mas a eventual condenação do outrora camarada Daniel é melhor para a presidente. No caso de ser absolvido pelo Supremo, José Dirceu, juntamente com sua turma, ressurgirá na cena política com mais força e passará a investir na busca de espaço no governo de Dilma Rousseff.

Não custa lembrar que José Dirceu planeja, em caso de absolvição, requerer a anulação da cassação do mandato parlamentar, pontapé inicial para o seu projeto de chegar à Presidência da República.