Apadrinhado por Lula e José Dirceu, ministro Toffoli decidiu participar do julgamento do Mensalão do PT

Sem volta – Como se sua relação quase umbilical com o PT e com o deputado cassado José Dirceu de Oliveira e Silva fosse descartável, o ministro José Antônio Dias Toffoli encerrou a polêmica sobre sua suspeição ao proferir voto acerca da questão de ordem apresentada pelo advogado Márcio Thomaz Bastos, que pleiteou o desmembramento do processo do Mensalão do PT (Ação Penal 47) com base no princípio do juízo natural. Assim, Toffoli deixou claro que não cedeu à pressão dos brasileiros.

Ex-advogado do Partido dos Trabalhadores, que lhe serviu como catapulta profissional, defensor de José Dirceu e ex-advogado-geral da União, a convite de Lula, o ministro Toffoli não honra as próprias palavras. Por ocasião de sabatina no Senado, antes de sua chegada ao Supremo, Toffoli, respondendo ao senador Alvaro Dias (PSDB-PR), disse que “Se, eventualmente, tiver alguma hipótese na qual eu tenha atuado, aconselhado, tenha tido algum tipo de orientação, é evidente que, pelas normas de impedimento, tenho obrigação de me declarar impedido ou suspeito de atuar”.

A apresentação da questão de ordem, antes da sequência inicial do julgamento, impediu a fala do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que tem a prerrogativa de argüir a suspeição de Dias Toffoli.

Em relação ao arrastado tema que atrasa o início do julgamento, Toffoli acompanhou o relator, ministro Joaquim Barbosa, e votou contra a questão de ordem suscitada pelo criminalista. Até o momento, votaram contra a questão de ordem os ministros Joaquim Barbosa, Rosa Maria Weber, Luiz Fuchs, Dias Toffoli e Cármem Lúcia Antunes Rocha. O ministro Ricardo Lewandowski votou favoravelmente.