Chumbo grosso – Deslealdade. Eis a palavra utilizada pelo ministro Joaquim Barbosa, relator do Mensalão do PT (Ação Penal 470), ao se dirigir ao colega Ricardo Lewandowski, que concordou a questão de ordem levantada pelo advogado Márcio Thomaz Bastos, que defendeu o desmembramento do processo com base no princípio do juízo natural.
“Nós gastamos quase uma tarde inteira a debater essa questão do desmembramento do processo a pedido do réu Marcos Valério. Precisamos ter rigor no fazer as coisas neste país. O mais alto tribunal deste país decidiu, não vejo razão, me parece até irresponsável voltar a discutir essa questão”, disse Joaquim Barbosa ao criticar Lewandowski.
Thomaz Bastos, que defende José Roberto Salgado, ex-vice-presidente do Banco Rural, que é acusado de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, gestão fraudulenta de instituição financeira, foi larga e estranhamente pelo ministro Ricardo Lewandowski, o que coloca sob suspeita a condução do julgamento. Não se trata de duvidar da idoneidade de Lewandowski, que foi indicado ao cargo pelo então presidente Lula, mas “rasgar seda” é tudo o que o Supremo não precisa no momento em está prestes a decidir sobre o maior caso de sua história.
O STF deve rejeitar a questão de ordem apresentada por Márcio Thomaz Bastos, cuja íntima relação com o ex-presidente Lula e o PT é de conhecimento público. Caso acolha a questão apresentada, o STF julgará apenas três dos 38 réus no processo do mensalão. Os outros 35 seriam submetidos aos tribunais de origem.