Brasileiros precisam pressionar, pois advogados tentarão atrasar ao máximo o julgamento do mensalão

É preciso reagir – Desacreditada, a Justiça brasileira tem nas mãos a grande chance de se redimir. A oportunidade está no julgamento, pelo Supremo Tribunal Federal, dos crimes que permitiram a existência do Mensalão do PT, maior escândalo de corrupção da história nacional. A qualquer réu cabe o direito da ampla defesa, mas o STF precisa mostrar firmeza diante das muitas chicanas jurídicas que devem surgir ao longo do julgamento, sob pena de a impunidade novamente prevalecer.

Quando apresentou questão de ordem para tentar desmembrar o processo do Mensalão do PT, o que permitiria que 35 acusados fossem julgados em primeira instância, o criminalista Márcio Thomaz Bastos, experiente que é, já sabia a decisão que o Supremo tomaria. Mesmo assim, o fez para que o julgamento descumprisse o cronograma logo no primeiro dia. A manobra teve o estrito objetivo de comprometer o voto do ministro Cezar Peluso, que no próximo dia 3 de setembro completará 70 anos e, de acordo com o que determina a legislação, será obrigado a se aposentar em caráter compulsório.

Como o cronograma do julgamento está apertado, sem espaço para qualquer imprevisto, os defensores dos réus tentam evitar que Peluso vote, mas o regimento do Supremo permite a antecipação do voto, o que deve ocorrer. Com essa estratégia manifestada no primeiro dia do julgamento fica claro que os advogados passaram a apostar no tempo para que seus clientes saiam impunes.

Outro detalhe a ser considerado é a participação do ministro Dias Toffoli no julgamento. Ex-advogado do PT e ex-advogado-geral da União no governo do abusado Lula, o ministro não teve a suspeição arguida pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, por respeito ao cronograma. Qualquer manifestação contra a participação de Toffoli poderia, inclusive, suspender o julgamento. O que seria um prêmio extra para os mensaleiros.

Muitos dos advogados que desfilaram pelo STF na quinta-feira (2) estão recebendo verdadeiras fortunas para tentar absolver criminosos, cuja maioria ainda não comprovou a origem do dinheiro utilizado no pagamento dos polpudos honorários de seus defensores.

O fato de o julgamento ter começado não exime a sociedade de continuar pressionando, pois do contrário o Supremo será transformado em picadeiro da impunidade, estocando de morte a democracia e comprometendo o futuro de dezenas de milhões de brasileiros de bem.

Ou o Brasil dá um basta e manda para a cadeia esses saltimbancos, ou o último que sair apaga a luz.