Aliviados após sustentação oral, advogados de Dirceu, Genoino e Delúbio saíram como entraram

(Foto: Lula Marques - Folhapress)
Temperatura média – José Luís Mendes de Oliveira Lima, Luiz Fernando Pacheco e Arnaldo Malheiros Filho, advogados que defendem José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares, respectivamente, no caso do Mensalão do PT (Ação Penal 470) bem que tentaram, mas não conseguiram convencer. O trio de defensores que abriu a segunda fase do histórico julgamento no Supremo Tribunal Federal negou a existência do esquema de compra de apoio parlamentar por meio de mesadas.

Oliveira Lima, conhecido como Juca, afirmou que jamais existiu o mensalão e a compra de votos. “Não é verdade que existiu a propalada compra de votos. Não é verdade que José Dirceu procurasse parlamentares da base aliada para que votassem a favor do governo. Não existem provas dessa acusação nos autos”, disse o inicialmente nervoso advogado sempre preocupado em arrumar o cabelo, o que pode ser reflexo do seu estado emocional. “O pedido de condenação de José Dirceu, com base nas provas dos autos, é o mais atrevido e escandaloso ataque à Constituição Federal”, finalizou Oliveira Lima.

Sem ter ao longo do processo os refletores midiáticos, Luís Pacheco também negou a existência do mensalão e afirmou que seu cliente, José Genoíno, enquanto presidente do PT, não tinha ingerência na parte financeira da legenda. “Ele [José Genoino] não é réu pelo que fez ou deixou de fazer, mas é réu pelo que ele foi. A denúncia não faz individualização de conduta, redunda na responsabilidade objetiva. Se é bruxa, queima. É o direito penal nazista. Se é judeu, mata. Foi presidente do PT, então tem que ir para a cadeia”, declarou um nervoso Pacheco. Sem chance de emplacar, a estratégia do advogado de transformar Genoino em vítima de eventual preconceito político mostra o grau de desespero que toma conta dos acusados e do próprio PT.

Defendendo o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, o criminalista Arnaldo Malheiros Filho afirmou que a prova contra seu cliente “é pífia, é esgarçada, é rala”. Na esteira dessa linha de pensamento, Malheiros insistiu na tese do caixa 2. “O dinheiro era ilícito, ele [Delúbio] não se furta de responder. Ele operou caixa dois, era ilícito, mas não corrompeu ninguém. Não tinha em função interna essa atribuição de obter maioria parlamentar”, declarou o advogado. Essa estratégia foi devidamente estudada, pois o crime de caixa 2 de campanha é de competência da Justiça Eleitoral, além da necessidade de algum tipo de acerto com a Receita Federal.

Acontece que a declaração de Malheiros Filho contrasta com a do colega Luís Pacheco, que na defesa de Genoino disse que as finanças do PT estavam “em frangalhos”. Ora, um partido político que tem problemas financeiros não tem recursos para fazer caixa 2 de campanha. E se isso ocorreu, é porque dinheiro público foi desviado. O que os advogados e os réus ainda não compreenderam é que em julgamento estão os crimes que permitiram a alimentação financeira do mensalão, não sua existência.