CPI do Cachoeira: requerimento de criação de sub-relatorias pode ser votado na terça-feira

Tarefa dividida – Líder do PPS na Câmara dos Deputados, Rubens Bueno (PR) quer colocar em votação, na terça-feira (14), durante sessão administrativa da CPI do Cachoeira, requerimento para a criação de quatro sub-relatorias com o objetivo de dividir as áreas de investigação da comissão. O parlamentar, cuja proposta foi apresentada na primeira reunião da comissão, reclama da concentração dos trabalhos na mão do relator. Segundo Rubens Bueno, a criação de sub-relatorias agilizará a apuração do caso.

“Há um número enorme de informações em poder da CPI. São sigilos fiscais, bancários, telefônicos, de e-mail, além de milhares de horas de gravações. Concentrar tudo isso na mão de um único parlamentar é prenúncio de fracasso. Sem querer menosprezar o trabalho do relator (Odair Cunha), é humanamente impossível que essa função seja coordenada por apenas uma pessoa. A decisão de dividir precisa ir a voto e é isso que vamos cobrar”, afirma o deputado.

Quatro sub-relatorias

O PPS sugere a criação de quatro sub-relatorias: de Movimentação Financeira, responsável por analisar as quebras de sigilo bancário e fiscal; de Contratos, que fará uma devassa nos negócios entre as empresas ligadas ao esquema, como a Delta Construção, e governos federal, estaduais e municipais; de Jogos Ilegais e Loterias, para esmiuçar o funcionamento do esquema de contravenção e de loterias estaduais comandado pelo grupo de Cachoeira; e a de Normas de Combate à Corrupção, que ficará responsável por elaborar sugestões da CPMI para o combate aos crimes de colarinho branco.

Rubens Bueno ressalta que a CPI trata de um esquema criminoso complexo, que atinge não só os jogos ilegais, mas também tráfico de influência, pagamento de propina, superfaturamento de obras federais, estaduais e municipais, além de lavagem de dinheiro, remessa de recursos para o exterior e financiamento ilegal de campanhas. “Imaginem a pressão em cima do relator. O ideal é dividir esse trabalho para que possamos aprofundar todas as ramificações da organização comandada por Cachoeira”, defende.

O líder do PPS lembra que a mesma estratégia foi adotada durante a CPI dos Correios e deu ótimo resultado. “Das últimas CPIs que tivemos, a dos Correios, que adotou as sub-relatorias, foi a que deu melhor resultado. Por causa dela o escândalo do mensalão não passou para a história como ‘piada de salão’ e agora está sendo julgado no Supremo Tribunal Federal”, compara o líder do PPS.

Pagot e ex-sócios de Cavendish

A divisão dos trabalhos, reforça o parlamentar, ainda pode evitar que todo o funcionamento da CPI fique nas mãos do governo. “Não é bom para a sociedade uma CPI controlada pelo governo, que obviamente tem seus interesses. Qualquer um vê isso, por exemplo, quando analisa o calendário de depoimentos. Por que a CPI não ouviu ainda o ex-diretor do Dnit (Luiz Antônio Pagot) e os ex-sócios do Fernando Cavendish, dono da Delta?”, questiona Bueno, citando os empresários José Augusto Quintela e Romênio Marcelino Machado, parceiros de Cavendish na Sigma Engenharia e Consultoria, empresa que serviria de fachada para as operações da Delta. Eles gravaram conversas do dono da Delta Construção afirmando que poderia comprar um senador com R$ 6 milhões.