Soltando a voz – Ex-diretor do Departamento nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antônio Pagot compareceu nesta terça-feira (28) à CPI do Cachoeira e cumpriu o que havia prometido: falar sobre os escândalos envolvendo o contraventor goiano.
De acordo com Pagot, o ex-senador goiano Demóstenes Torres pediu para que a Delta Construção fosse beneficiada com algumas obras, pois o ex-parlamentar disse, durante jantar em Brasília, que tinha dívidas com a empreiteira de Fernando Cavendish. “Terminou o jantar e ele me convidou para uma sala reservada. Ele me disse: ‘Tenho dívidas com a empresa Delta, porque ela apoiou minha campanha. Preciso ter obra com meu carimbo.’ Eu disse que é lamentável que eu não poderia atendê-lo, que não tinha possibilidade de o diretor do Dnit ir para o mercado e dizer: ‘reserve uma obra para a Delta’”, afirmou o ex-diretor do Dnit.
Extremamente grave, a declaração de Pagot abre uma nova frente de investigação sobre a atuação de Demóstenes Torres e coloca o empresário Fernando Cavendish em situação delicada, mesmo que no depoimento à CPI, marcado para quarta-feira (29), uma liminar concedida pelo Supremo Tribunal Federal lhe garanta o direito de permanecer calado.
É importante ressaltar que a direção da CPI do Cachoeira não tem mais condições de evitar que as investigações sobre a Delta e Fernando Cavendish fiquem restritas ao Centro-Oeste, devendo ser estendidas a todo o Brasil, principalmente ao Rio de Janeiro, onde o governador Sérgio Cabral Filho continua torcendo para que isso não ocorra.
A blindagem de Cabral Filho, praticada em especial pelo Partido dos Trabalhadores, tem sido ordenada por ninguém menos que Luiz Inácio da Silva, que não deseja ver os escândalos envolvendo a Delta chegando à opinião pública. Qualquer palavra dita por Cavendish poderá comprometer ainda mais a participação do PT nas eleições municipais.