Atividade industrial sobe 0,3% em julho; recuperação ocorre com pouca força e ano será negativo

Freio puxado – O crescimento de 0,3% do Indicador de Nível de Atividade da indústria (INA) na série com ajuste sazonal em julho sobre junho sinaliza recuperação do setor, porém não dever ser suficiente para que 2012 seja um ano positivo para o setor produtivo. A avaliação é de Paulo Francini, diretor-titular do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp). As entidades divulgaram os números da indústria de transformação na manhã desta quinta-feira (30/08).

“Já transcorremos sete meses de 2012, nos restam cinco e não teremos prorrogação. Mesmo acreditando em certa recuperação no segundo semestre, 2012 ainda será considerado um mal ano”, projetou Francini.

De acordo com cálculos da Fiesp e do Ciesp, para fechar 2012 negativa em 4,4%, a atividade industrial terá de registrar, de agosto a dezembro, um crescimento de 0,8% ao mês. “Portanto, mesmo com uma recuperação forte nos meses restantes vamos terminar em torno de 4%”, afirmou o diretor-titular, acreditando ser um movimento praticamente impossível.

O prognóstico da Fiesp para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012 também não é otimista. Enquanto a previsão da entidade em julho para o PIB era de 1,8%, em agosto, no entanto, ela foi revisada para baixo a um crescimento de 1,4%.

Recuperação “aquietada”

Os resultados positivos do INA em junho e julho forjam um cenário de recuperação com força “aquietada”, na avaliação de Francini.

“Já tivemos o segundo mês positivo do índice. Isso nos dá base razoável para dizer que estamos em processo de recuperação e também para dizer que ela não é violenta, e não é como outras que já vivemos”, completou.

A variação negativa em 6,4 entre janeiro e julho apurou a maior queda desde 2003, ano de início da pesquisa, com exceção de 2009, quando o indicador chegou a -12%. No acumulado de 12 meses, o nível atividade indústria sem ajuste sazonal foi negativo em 4,4%.

O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) teve uma ligeira alta, passando para 81,3% em julho, ante 80,5% em junho deste ano. Já na leitura sem ajuste sazonal, o componente aumentou cerca de dois pontos percentuais, 82,2% no mês passado contra 80,7% em junho.

Dos setores avaliados pela pesquisa em julho, o segmento de Produtos Têxteis apresentou leve queda 0,5% na leitura mensal considerando os efeitos sazonais. Já o setor de Celulose, Papel e Produtos de Papel registrou ganhos de 2,7% sobre junho, em termos ajustados. Enquanto a atividade da indústria de Veículos Automotores se destacou entre os comportamentos de alta, com variação positiva de 5,3%, com ajuste, na comparação com junho.

Selic

Na véspera (29), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulgou um corte na taxa básica de juros Selic em 0,50 ponto percentual, para 7,5% ao ano. “Há muito tempo não víamos isso no Brasil. É um movimento extremamente exitoso conduzido pelo Banco Central que no prazo de um ano promoveu uma redução de cinco pontos percentuais na taxa Selic”, afrimou Francini.

De acordo com o diretor-titular, a trajetória de queda da Selic já surtiu efeito na economia, mas o reflexo não é sentido em sua totalidade uma vez que existe uma demora entre a tomada da decisão e sua chegada ao mercado. “Se não fosse a redução da taxa Selic teria sido pior.”

Expectativa

A percepção geral dos empresários com relação ao cenário econômico no mês de agosto, medida pelo Sensor Fiesp, ficou praticamente estável: 50,5 pontos contra 49,6 pontos em julho.

Já o item Mercado registrou alta de três pontos no mês corrente e chegou a 55,8 pontos versus 52,2 pontos em julho. O mesmo aconteceu com o indicador Vendas que também subiu de 47,9 pontos no mês anterior para atuais 55 pontos.

O indicador de Estoque passou para 45,3 pontos em agosto ante 43,2 pontos em julho. Enquanto o Emprego ficou estável em 47,4 no mês corrente contra 48,5 pontos no mês anterior. Já a percepção dos empresários quanto ao Investimento apresentou queda de sete pontos, passando de 56,3 pontos em julho para 49,3 pontos em agosto.