Memória fraca – Chega a ser monumental a desfaçatez a forma como agem os integrantes da campanha de Fernando Haddad, candidato do PT à prefeitura, de São Paulo. Sem propostas próprias e dependendo do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff para se fazer conhecer entre os eleitores paulistanos, Haddad concordou com a decisão do PT de protocolar na Justiça Eleitoral uma notícia crime solicitando a instauração de inquérito para apurar suposta quebra de sigilo médico do caminhoneiro José Machado e o eventual uso da máquina pública municipal em favor de José Serra, candidato do PSDB.
Morador da Zona Leste da capital paulista, Machado ganhou fama depois de participar de um programa eleitoral de Fernando Haddad, no qual afirmou que espera há dois anos por uma cirurgia de catarata na rede municipal de saúde. Não demorou muito para que a farsa da campanha petista fosse descoberta. O caminhoneiro, na verdade, passou pro diversos atendimentos na rede de saúde e sofre de pterígio – crescimento de tecido sobre a córnea -, e não de catarata, como anunciou a campanha do candidato petista.
De acordo com o Conselho Federal de Medicina, o médico só pode revelar o conteúdo de um prontuário ou de uma ficha médica com o consentimento do paciente. Partindo desse princípio, a prefeitura de São Paulo errou ao usar seus registros para escancarar a mentira da campanha do candidato do PT, partido que não tem moral para qualquer contestação dessa natureza.
Deixando de lado a maior mentira que o mitômano Lula quis impor ao escândalo do Mensalão, pois do contrário seria preciso paciência de redator de enciclopédia, o PT parece ter esquecido a violação do sigilo fiscal de Verônica Serra, filha do tucano José Serra, durante a campanha presidencial de Dilma Rousseff, em 2010. Diante do escândalo, a cúpula petista, como sempre acontece, arrumou um culpado, não sem antes alegar inocência.
O servidor municipal que ultrajou o sigilo médico do caminhoneiro deve ser punido de acordo com a lei, mas é importante lembrar novamente que o PT não uma gota de moral sequer para esse espetáculo repentino de moralismo. Tal situação não causa surpresa, pois o arrogante Luiz Inácio da Silva disse que para eleger Fernando Haddad, se preciso fosse, morderia a canela dos adversários.