Contando com o consumo interno, governo reduz a Selic, estimula a inflação e detona a poupança

Tiro no escuro – Sem soluções imediatas para a crise que chacoalha a economia brasileira, o Palácio do Planalto continua apostando todas as fichas no consumo interno como forma de minimizar a preocupante situação, traduzida com frieza pelas previsões dos analistas do mercado financeiro.

Com o consumidor vacinado contra as consequências sue surgiram a partir da onda de consumismo incentivada por Lula, no final de 2008, o governo federal insiste em criar armadilhas para atrair os cidadãos desavisados. O mais novo estratagema é a redução da taxa básica de juro, a Selic, que por decisão do Copom está fixada em 7,5% ao ano. E a provisão é que a Selic encerre o ano ainda menor.

Essa receita do absurdo é no mínimo duplamente perigosa, pois ingredientes básicos do atual cenário econômico estão sendo descartados. O primeiro deles refere-se à inflação, cada vez mais resistente. Com seguidas previsões de alta, o maior fantasma econômico deve disparar com a alta do consumo, relação óbvia para qualquer estreante em Economia.

O segundo é a questão da caderneta de poupança, que atravessa a seara da inflação. De acordo com as novas regras, o rendimento da poupança corresponde a 70% da Selic. Levando-se em conta que a pesquisa realizada pelo Boletim Focus, divulgada nesta segunda-feira (3), mostra que os analistas projetam inflação de 5,2% para o ano, o rendimento da poupança, considerando a Selic atual, no máximo reporá as perdas inflacionárias.

No caso de se confirmarem as previsões de que até dezembro a Selic alcançará o patamar recorde de 7%, a poupança deixará de ser um investimento minimamente atrativo. Quando uma sociedade deixa de ter índices rasos de liquidez, a economia da nação está fadada ao fracasso. Irresponsáveis são os palacianos que insistem em afirmar que em breve o Brasil será o folclórico país de Alice, aquele das maravilhas.