Temperatura alta – Durante anos a fio o Partido dos Trabalhadores dispensou a Paulo Salim Maluf todos os adjetivos chulos existentes, mas depois que o ex-prefeito paulistano se bandeou para a base de apoio do governo o discurso de outrora mudou. E a mudança começou com o estranho e repentino apoio de Maluf à petista Marta Suplicy, que em 2004 tentava reeleger como prefeita da maior cidade brasileira, disputa perdida para o tucano José Serra.
Desde que Fernando Haddad, candidato imposto por Lula, selou parceria com Paulo Maluf para a disputa da prefeitura da capital paulista, petistas se irritam quando perguntados sobre essa estranha e inusitada aproximação política, que contou com a aprovação tácita do ex-metalúrgico.
Diante do fato de José Serra ter mencionado o apoio de Maluf a Haddad, o candidato petista se irritou e disse que o tucano em breve não poderá andar pelas ruas e avenidas da cidade de São Paulo, tamanho é o seu índice de rejeição, 46 % segundo o Datafolha. É preciso admitir que o índice de rejeição de Serra é recorde e deixa o candidato me péssima situação, mas não se pode ignorar o apoio de Paulo Maluf.
Proibido de deixar o Brasil devido a um pedido de prisão formulado pela Justiça norte-americana e que está nos arquivos da Interpol, Maluf sofreu nova derrota nesta semana. A Justiça da Ilha de Jersey, que recentemente rejeitou um recurso de Maluf e do filho Flávio, impôs à dupla o pagamento de uma multa equivalente a R$ 438 mil por causa de mais uma derrota na Corte do paraíso fiscal localizado no Canal da Mancha.
Fernando Haddad tem o direito de espernear, mas é no mínimo estranho um candidato que concorre à prefeitura ter como apoiador alguém que está sendo cobrado judicialmente pelo município por desvio de dinheiro de obras públicas. A prefeitura de São Paulo tenta repatriar US$ 22 milhões, dinheiro bloqueado pela Justiça de Jersey e que teria sido desviado das obras da Avenida Águas Espraiadas, posteriormente rebatizada como Jornalista Roberto Marinho.
É sabido que com a chegada ao poder central a falta de vergonha dos petistas ficou ainda mais evidente, mas não custa dar a oportunidade do candidato de Lula se explicar. Com a palavra, o inconformado Fernando Haddad.