Marcha à ré – A indústria paulista fechou o mês de agosto com 8,5 mil vagas a menos em relação a julho e deve encerrar 2012 com ao menos 80 mil demissões, projetou o diretor do Departamento de Economia da Fiesp, Paulo Francini. Apesar da recuperação, ainda modesta, o emprego é o último item da indústria a refletir tanto a retomada de força quanto a desaceleração, avaliou o diretor.
A pesquisa de Nível de Emprego do Estado de São Paulo, divulgada nesta quinta-feira (13/09) pela Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp), apurou que o emprego no setor industrial apresentou queda de 0,26% no mês, com ajuste sazonal. Na leitura dos doze meses, o índice apurou 84 mil demissões, recuo de 3,13% em relação ao mesmo período imediatamente anterior.
No acumulado do ano de 2012, a indústria gerou 23,5 mil empregos, com uma variação praticamente estável, positiva em 0,9% com relação ao mesmo período de 2011. Esta é a variação percentual mais baixa, com exceção de 2009, ano da crise, quando o indicador registrou queda de 2,9% no acumulado daquele ano.
“Nós acreditamos que o segundo semestre pode ser melhor do que o primeiro, porém, a recuperação ocorre numa intensidade, força e velocidade bem menor do que aquela que chegamos a pensar que teríamos”, afirmou Francini, diretor-titular do Departamento de Estudos e Pesquisas Econômicas (Depecon) da Fiesp.
Segundo ele, a indústria de transformação tem condições de incrementar a sua produção sem aumentar o emprego, uma vez que trabalha com folga no que diz respeito à mão de obra existente. Além disso, o emprego industrial é o item que demora a sentir reflexos de perda ou ganho de força do setor produtivo em geral.
“O emprego demora a cair quando a indústria começa a fraquejar e demora a voltar quando a indústria começa a se recuperar”, concluiu Francini.
Direção correta, mas tempo insuficiente
A federação manteve projeção de crescimento de 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012 e uma queda de 2,5% do PIB da indústria no mesmo ano. “Nós estamos projetando crescimento de 1% para os dois outros trimestres para poder fechar o ano com 1,4%”, acrescentou o diretor do Depecon/Fiesp.
Para Francini, a redução da taxa básica de juros Selic, o câmbio em patamares mais competitivos e medidas como desoneração de folha e redução do custo de energia estão na direção correta para “mitigar a moléstia adquirida pela indústria de perda de competitividade”.
Ele adverte, no entanto, que as ações foram tomadas sem tempo suficiente para reparar os prejuízos e salvar 2012. “Isso foi suficiente? Eu diria que não, mas tudo vai ser resolver por medidas que estão em curso”, disse Francini, acrescentando que a inflexão da economia, sinalizada por alguns indicadores econômicos, tem sido “pequena”.
“Já vimos, em outras ocasiões, pontos de inflexão onde se sai de uma situação e passa para outra com boa força. Isso pudemos perceber, recentemente, no ano de 2010. Se compararmos, podemos dizer que a nossa inflexão agora não tem a mesma força”, explicou o diretor.