Monumental vergonha – Mais importante cidade brasileira, quarta maior do planeta e a décima mais rica do mundo, com PIB anual de R$ 389 bilhões, São Paulo precisa que seus eleitores deem um basta à hipocrisia dos candidatos à prefeitura. Sem propostas à altura da importância e da pujança da capital paulista, os candidatos perdem boa parte do tempo com temas menores e rusgas político-eleitorais que, mais adiante, serão esquecidas no vácuo de espúrios acordos de bastidores.
Além disso, por ser passagem obrigatória para disputas políticas em outros escalões nacionais, São Paulo carece, em seu comando, de alguém com capacidade comprovada para administrar um orçamento anual de R$ 39 bilhões, o que é muito dinheiro, não para gerenciar conchavos nas coxias imundas do poder.
Em decorrência dos intermináveis escândalos de corrupção que empurram o cotidiano nacional, o desinteresse pela política vem crescendo de forma assustadora, a ponto de o eleitorado apelar para o chamado voto de protesto, que ao final elege um punhado de despreparados conhecidos, como se a vida pública fosse um laboratório de experiências.
A falta de interesse do brasileiro pela política chegou a nível tão preocupante, que o mais recente debate entre os postulantes à prefeitura paulistana, organizado e levado ao ar na última segunda-feira (17) pela TV Cultura, em horário sano (21h15), alcançou mísero 1,3 ponto de audiência, de acordo com medição realizada pelo Ibope. Para que o leitor avalie o cenário, cada ponto de audiência na região metropolitana de São Paulo corresponde a 60 mil domicílios. Ou seja, durante o debate apenas 78 mil domicílios tinham televisores sintonizados na TV Cultura. É verdade que pelo pífio desempenho dos candidatos o telespectador nada perdeu, mas é preciso em algum momento escolher em quem votar ou descobrir em quem não votar. Até mesmo decidir se anular o voto é a opção mais lógica.
A situação torna-se ainda mais preocupante quando a audiência do debate da última segunda-feira é comparada com a do Programa do Ratinho, do SBT, que naquela noite registrou 6 pontos audiência.
Mudar um País corroído diariamente pela corrupção e pela incompetência recorrente dos governantes exige participação da sociedade. Do contrário, o Brasil continuará como seara ideal para uma ditadura civil.