Parafuso solto – Em Paris, onde participou de reuniões com empresários, o ainda ministro Guido Mantega (fazenda) parece ter esquecido a dura realidade econômica brasileira. Na capital francesa, Mantega ousou dizer, na quarta-feira (19), que a inflação no Brasil não é “preocupante”. Possivelmente porque o ministro só conheça a inflação pelos números estatísticos produzidos por sua equipe, mas jamais tenha sentido seus efeitos no bolso. “A inflação segue dentro da meta e vai continuar”, declarou o ministro.
Como petista amestrado que é, Guido Mantega jamais poderia afirmar o contrário, pois assim estaria reconhecendo a herança maldita deixada pelo messiânico Luiz Inácio da Silva, uma espécie de patrão da camarilha vermelha.
Para justificar tão desconexa afirmação, o titular da Fazenda disse que contribuem para a estabilidade do cenário econômico nacional as reduções das taxas de juro, das tarifas de energia (só começa a valer em 2013) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para os veículos novos, além da alíquota zero para os eletrodomésticos de linha branca. Na contramão do discurso recheado de absurdos está o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), prévia da inflação oficial, que em agosto registrou 0,41%, com um acumulado de 5,24% nos últimos doze meses, ou seja, a poucos passos do teto da meta estabelecida pelo governo.
Como a usina de mentiras do governo funciona a despeito da capacidade de raciocínio da massa pensante do País, o Ministério do Trabalho divulgou, nesta quinta-feira (20), dados que anulam por completo o palavrório de Mantega. De acordo com a pasta, em agosto foram criados 100.938 postos de trabalho formais, contra 190 mil no mesmo mês de 2011, o que representa queda de 46,9%. Qualquer reles economista sabe que quando ocorre queda na geração de empregos é porque algo de errado há com a economia.
Sem geração de empregos o poder de compra da sociedade cai e leva o consumo a reboque. Traduzindo, não há como salvar a economia, mas é possível baixar a inflação na esteira da redução do consumo. Mas é preciso saber se no governo há alguém com competência para, ao menos, enxergar isso.