Tiro no pé – Com o objetivo de turbinar as campanhas eleitorais de correligionários candidatos às eleições municipais, a presidente Dilma Rousseff anunciou, em 6 de setembro passado, redução das tarifas de energia elétrica a partir de 2013, anúncio que poderia ser feito depois do segundo turno. De acordo com a presidente, a tarifa para os consumidores comuns terá redução de 16,2%, enquanto que a da indústria será reduzida em 28%.
Para viabilizar a promessa, o governo federal decidiu antecipar as concessões das empresas do setor elétrico, mas a adesão ao novo modelo não saiu como o esperado e o plano acabou dando errado. Na terça-feira (16), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informou que quatorze empresas geradoras de energia manifestaram não ter interesse na renovação. É o caso da Cemig, que tem três usinas cujos contratos vencem em 2018 e têm garantia explícita de renovação por mais vinte anos nos moldes atuais.
Nesta quarta-feira (17), durante a inauguração da Usina Hidrelétrica de Estreito (MA), a presidente disse que a promessa será cumprida. “Pagamos toda a universalização, então uma parte do que a gente recolhia para fazer isso estamos devolvendo para o povo. É por isso que vamos reduzir a conta de luz em janeiro”, disse Dilma Rousseff. Na verdade, o que o governo fará é devolver aos consumidores os valores pagos antecipadamente. Ou seja, não há qualquer bondade por parte do governo.
A posição do governo de desrespeitar os contratos vigentes pode trazer sérias consequências ao País, pois afastará possíveis investimentos no setor de infraestrutura. Por enquanto o discurso palaciano será pacífico, até porque alguns companheiros ainda estão em campanha, mas em breve a situação será tratada com a truculência conhecida.