Líder do PCC, Marcola afirma que aguarda José Dirceu para uma partida de gamão na penitenciária

Lazer prisional – No manifesto divulgado aos brasileiros em 10 de outubro passado, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, principal líder da facção criminosa Primeiro Comando da Capital, destilou sua ousadia ao afirmar: “Fiz do crime minha razão de viver, ao contrário destes democratas de araque. Não confundo ódio, vingança, covardia moral e hipocrisia com meus negócios escusos. A única vez que eu o fiz, acabei por aqui”.

Marcola, que garante ter lido mais de três mil livros, ironiza ao declarar que foi “transformado em inimigo público número 2, porque o número 1 agora é o outro”, numa inominada referência a José Dirceu de Oliveira e Silva, acusado pelo Ministério Público Federal de ser o chefe do Mensalão do PT.

Ao final do documento, antes de afirmar que o crime compensa, Marcola declara “espero ansiosamente que os novos condenados venham jogar gamão comigo”.

Se for enviado para o presídio de Presidente Bernardes, onde se encontra Marcola, o ex-ministro José Dirceu terá como passar o tempo, até porque o irmão do líder do PCC, o deputado boliviano Gabriel Herbas Camacho, é pessoa do relacionamento do petista agora condenado pelo STF.

Em 2006, semanas antes da onda de ataques do PCC na cidade de São Paulo, José Dirceu foi misteriosamente a La Paz para se encontrar Gabriel Camacho. Mas há quem garanta que o mundo está repleto de coincidências.

Confira abaixo a íntegra do documento distribuído por Marcos William Herbas Camacho, o Marcola

“AO POVO BRASILEIRO

Em 12 de maio de 2006, durante a realização do maior ataque de nossa organização contra a polícia do Estado de São Paulo, tomamos a decisão firme de executar 45 opositores de nossos interesses imediatos. Não fugi de minhas responsabilidades.

Em 1977 comecei minha carreira, com nove anos de idade, na Baixada do Glicério, como um trombadinha comum. Minha nacionalidade tropical, no entanto, continuou intacta.

Por mais da metade de minha vida me dediquei ao sol quadrado e aos livros. Li mais de três mil.

Por longos anos também fui considerado por muitos um pária da sociedade e um inimigo do Brasil. Acho que eles estavam certos.

Nas madrugadas que se sucederam ao fatídico 12 de maio, depredamos agências bancárias do sistema, incendiamos ônibus do sistema e espalhamos nossa doutrina, forçando o sistema a negociar conosco. 107 companheiros foram sumariamente negociados com o sistema.

Fui transformado em inimigo público número 2, porque o número 1 agora é o outro.

Também sou acusado até hoje, injustamente, de chefe de quadrilha. PCC é só um churrasco na laje, para os iniciados na nossa boa vida.

Fui convocado a depor na CPI dos Bingos, onde encontrei criminosos muito mais perigosos do que eu. Me identifiquei com todos.

Hoje, vivo como condenado e líder de uma facção que o Estado jura existir para me manter como exemplo de que o crime não compensa. Tivesse eu sido político, teria compensado.

Fui denunciado pelo Ministério Público pelo suposto assassinato de um bombeiro, o que considero um exagero. Somos sempre inocentes, por uma questão de princípios. De fins também.

Fiz do crime minha razão de viver, ao contrário destes democratas de araque. Não confundo ódio, vingança, covardia moral e hipocrisia com meus negócios escusos. A única vez que eu o fiz, acabei por aqui.

Espero ansiosamente que os novos condenados venham jogar gamão comigo.

O creme não compensa. O crime talvez.

Presidente Bernardes, 10 de outubro de 2012

Marcos Willians Herbas Camacho (O Marcola)”