Missa encomendada – Há uma operação orquestrada a partir do Palácio do Planalto para evitar que o mensaleiro condenado José Dirceu cumpra parte da pena de dez anos e dez meses de prisão em regime fechado. O primeiro genuflexo a cumprir na íntegra a ordem palaciana foi o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que alegou preferir a morte a cumprir pena em um presídio brasileiro. Em seguida surgiu o ministro José Antônio Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, que durante sessão de dosimetria de penas disse que condenar à prisão é um método medieval.
Na sequência foi a vez do líder sem-terra José Rainha Júnior afirmar que o ministro da Casa Civil correr o risco de ser assassinado na prisão, onde quem dá as ordens é o crime organizado.
Na segunda-feira (19), a ministra da Secretaria de Direitos Humanos, a radical Maria do Rosário, afirmou que a péssima condição dos presídios brasileiros gera violência nas ruas. Um discurso absurdo e desconexo, que serve apenas para sinalizar que durante o período em que José Dirceu estiver preso pode ocorrer ondas de violência em todo o País, em especial nos estados governados pela oposição, como já acontece.
“O que as pessoas precisam compreender cada vez mais é que quanto pior a situação dentro dos presídios mais violência nós teremos nas ruas. Há uma conexão”, afirmou a ministra.
Nesta terça-feira (20) coube ao secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, o mesmo do caso Celso Daniel, falar sobre as condições do sistema prisional brasileiro. Depois de dez anos no poder, o PT só se preocupou com o assunto depois da condenação de companheiros ilustres (sic) pelo Supremo. Carvalho disse que as cadeias brasileiras são verdadeiros “empilhamentos” de pessoas, mas cujo objetivo é recuperar o apenado.
Os discursos de encomenda de Dias Toffoli, Rainha Júnior, Maria do Rosário e Gilberto Carvalho podem ser um claro sinal de que o governo intenta construir uma cela dourada para receber Dirceu, assim como fez na Colômbia o assassinado traficante Pablo Escobar, que construiu em Medellín a sua própria prisão e que depois da sua morte foi transformada em mosteiro.
Considerando que a Constituição Federal brasileira estabelece de forma clara e inequívoca que todos são iguais perante a lei sem distinção de qualquer natureza, José Dirceu terá de se submeter ao sistema carcerário existente, até porque ele nada tem de diferente em relação aos que estão presos.