Pedra no sapato – O líder do PPS na Câmara, deputado federal Rubens Bueno (PR), disse nesta segunda-feira que o ex-presidente Luiz Inácio da Silva deve uma explicação pública sobre os motivos que o levaram a aceitar indicações e ajudar a ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Nóvoa de Noronha, a nomear diretores de agências reguladoras, que hoje são acusados de corrupção pela Polícia Federal. O PPS apresenta nesta terça-feira requerimento na Comissão de Fiscalização financeira de Controle da Câmara para ouvir Rosemary e o ex-ajunto da Advocacia-Geral da União (AGU), José Weber Holanda, também envolvido no esquema.
“O discurso do ‘apunhalado pelas costas’ e do ‘eu não sabia’ não serve mais. Lula precisa dizer por que ajudou Rosemary na nomeação de pessoas no seu governo e na gestão da presidente Dilma. O preenchimento desses cargos se pautou pela competência ou por outro motivo? Lula precisa explicar se tinha conhecimento de que Rosemary usava seu nome para promover tráfico de influência”, cobrou o líder do PPS.
Entre os indicados por Rosemary, segundo a Polícia Federal, estão os irmãos Paulo Rodrigues Vieira e Rubens Carlos Vieira, que ocupavam diretorias da ANA e da Anac, e que são apontados como “cabeças” da organização criminosa.
Rosemary também está entre os indiciados pela Polícia Federal na Operação Porto Seguro. A quadrilha fraudava pareceres em troca de propina e agia em diversos órgãos da cúpula do governo federal. Segundo investigações da PF, Rosemary recebia propina e presentes da quadrilha. Entre os “mimos” estariam viagens de cruzeiro e cirurgias plásticas, além de dinheiro para a reforma de um apartamento de cobertura em São Paulo.
“Trata-se de um caso que envolve toda a cúpula do governo. A pura e simples demissão dos acusados não resolve o problema. Queremos saber até onde chegava toda essa corrupção”, defendeu Rubens Bueno, que também cobra da presidente Dilma Rousseff o motivo de ter mantido no governo, até o “estouro” da operação da PF, os indicados de Rosemary.
Rosemary e Valério são “dupla explosiva” para governo do PT, diz Freire
O presidente nacional do PPS, deputado federal Roberto Freire (SP), disse, na segunda-feira (26), que o publicitário Marcos Valério e a ex-chefe de gabinete do escritório da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Nóvoa de Noronha, formam uma dupla explosiva para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para os governos dele e da presidente Dilma Rousseff e para o PT.
Rosemary foi indiciada pela Polícia Federal na última sexta-feira sob acusação de integrar um esquema de compra de pareceres na Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), na ANA (Agência Nacional de Águas) e em órgãos do governo federal. O escândalo envolve também o deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Paulo Rodrigues Vieira, diretor da ANA demitido por Dilma após a operação da PF, dentre outros.
Ação da oposição
Freire disse que o PPS vai procurar os outros partidos de oposição para atuar conjuntamente no Congresso. “Isso significa traçar os rumos de ações nas comissões da Câmara e do Senado”. O deputado ressaltou ainda que é preciso “dar todo apoio e acompanhar com o máximo de atenção o trabalho de investigação da Polícia Federal e do Ministério Público”.
Segundo Roberto Freire, esta é uma oportunidade para derrubar a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que quer retirar do MP a capacidade para desenvolver investigações. “Este é um bom momento para mostrar que a PEC que quer retirar o Ministério Público das investigações deve ser derrotada no Congresso”.