Soltando a voz – Há um discurso contraditório no Palácio do Planalto, cujos integrantes nos últimos passaram a falar em transparência com extrema facilidade. Um acordo no Senado, comandado por palacianos, impediu a aprovação de convites para que os indiciados na Operação Porto Seguro fossem à Casa legislativa para explicar o que levou a Polícia Federal a entrar em ação.
Com esse acordo com os chamados senadores independentes, ficam longe do Senado a ex-chefe de gabinete do escritório da Presidência em São Paulo, Rosemary Nóvoa de Noronha, os irmãos Paulo e Rubens Vieira, além do ex-advogado-geral adjunto da União, José Weber Holanda.
De acordo com informações, devem ir ao Senado, para algumas explicações, o ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, que falará sobre a operação policial, e Luís Inácio Adams, advogado-geral da União, que tentará explicar o envolvimento do órgão no escândalo. Ora, Cardozo e Adams pouco sabem do que ocorria antes da deflagração da Operação Porto Seguro e por isso não ajudarão a esclarecer os fatos.
O grande medo do Palácio do Planalto é que Rosemary Noronha fale o que sabe, pois ela já mandou um recado a Lula, que chamava docemente de “tio”, de que não aceitará o mesmo tratamento que foi dispensado a José Dirceu por ocasião do escândalo do Mensalão do PT. Em outras palavras, Rosemary não cairá sozinha.
Fora isso, o conteúdo das 122 conversas entre Lula e Rosemary, gravadas pela PF, é bombástico e serve de enredo para aqueles filmes que envolvem poder, corrupção, sexo, traição e outros ingredientes mais. Tanto é verdade, que desde a operação policial Lula saiu completamente de cena.