Óleo de peroba – Estafeta que cumpre à risca as ordens de Lula e José Dirceu, o deputado Odair Cunha (PT-MG), relator da CPI do Cachoeira, abusa da ousadia ao citar em seu relatório o envolvimento de Carlinhos Cachoeira com jogos ilegais.
Cachoeira, como se sabe, foi o protagonista do primeiro escândalo de corrupção da era Lula, quando se envolveu com Waldomiro Diniz, então braço direito do outrora ministro José Dirceu.
Ademais, a sanha pelo PT por empresários da jogatina é conhecida de muitos. Na campanha de 2002, bingueiros angolanos, que atuavam ilegalmente no Brasil, despejaram R$ 60 milhões em campanhas eleitorais, boa parte na campanha de Antonio Palocci Filho, que até hoje não explicou de forma convincente esse apoio financeiro.
José Vicente, pai do atual ministro do Trabalho, Brizola Neto, presidiu a Lotergs, empresa de loterias do Rio Grande do Sul e denunciou, entre 2004 e 2005, um esquema do governo do petista Olívio Dutra com o jogo do bicho. De acordo com o filho do ex-governador Brizola, ele foi pressionado a levantar recursos junto aos empresários da jogatina para as campanhas do PT a senador e a governador. Quem comandava os jogos ilegais no Rio Grande do Sul era ninguém menos que Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. O que mostra que a relação do PT com a contravenção vem de longe. O escândalo alcançou repercussão nacional, obrigando Olívio Dutra a negar os fatos antes de sair de cena.
“Propuseram a mim que eu angariasse recursos, para a campanha majoritária do PT, perante esses concessionários de serviços públicos e, eventualmente, outros operadores de jogos, legais ou ilegais. Como me recusei, pediram-me, então, que eu apenas apresentasse as pessoas. Foi feito isso. Posteriormente, tive a notícia de que a empresa que geria o jogo Totobola teria contribuído com algo entre R$ 100 mil e R$ 150 mil — declarou José Vicente Brizola na CPI dos Bingos, em 2005.
A relação entre o governo do PT e a jogatina foi alvo de CPI na Assembleia Legislativa gaúcha, em 2001, mas o Ministério Público rejeitou as acusações contra Olívio Dutra e a maioria dos citados. Em depoimento, José Vicente afirmou que uma empresa do contraventor Carlinhos Cachoeira vencera uma licitação de forma “estranha”.
Ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti organizou uma festa para comemorar seu aniversário, em março de 2010, no Golden Executive Hotel localizado Bairro Serraria, entre os municípios de Biguaçu e São José, na Grande Florianópolis. O proprietário do tal hotel também é dono do Golden Bingo I, atualmente fechado e à espera da aprovação do projeto que tramita na Câmara dos Deputados. O evento que teve Ideli como o centro das atenções contou com a presença da agora eleita Dilma Rousseff.
Coincidência ou não – há quem diga que elas inexistem – a faraônica e comentada festa de quinze anos de Maria Beatriz Sato, neta do messiânico Luiz Inácio da Silva, teve o mesmo hotel como palco. Foi lá, no Golden Executive Hotel, que Lula bailou pelos salões do hotel com sua neta, em festa que custou mais de 200 salários mínimos. Como nem tudo é perfeito no mundo dos escândalos, o capítulo catarinense do PT realizou um encontro partidário, em dezembro de 2009, no mesmo hotel.
Ou seja, o relator Odair Cunha deveria se envergonhar de no relatório da CPI do Cachoeira tecer duras críticas ao contraventor goiano, imputando-lhe o crime de associação para a exploração de jogo ilegal.