Face lenhosa – Definitivamente os brasileiros perderam a noção dos limites da legalidade. Deputado federal pelo PT paulista, ex-presidente da Câmara e condenado à prisão no processo do Mensalão, João Paulo Cunha disse na última sexta-feira (7) que a história há de julgar a “crueldade e a injustiça” que o partido sofre por parte da imprensa.
“Daqui 50, 60 anos, um aluno de história vai estudar esse período da primeira década do século 21 e vai pegar os jornais e perguntar o que aconteceu. Os jornais falam uma coisa e a vida do povo diz outra coisa”, declarou o parlamentar.
Esse discurso visguento e rasteiro de João Paulo Cunha não pode contaminar a consciência da população, pois é irresponsabilidade creditar à imprensa a responsabilidade pelo maior escândalo de corrupção da história brasileira. Não foram os jornalistas que arquitetaram a roubalheira que patrocinou a compra de parlamentares, desaguando na denúncia de Roberto Jefferson, que se rebelou diante de promessas não cumpridas pelo PT palaciano.
O palavrório de João Paulo Cunha é mais uma tentativa de emoldurar o projeto do PT de controlar a mídia, pois os petistas não aceitam ser criticados ou acusados de corrupção, mesmo diante de provas incontestes, como é o caso da Ação Penal, que tramitou no Supremo Tribunal Federal e cujo julgamento está em seu posfácio.
João Paulo é um histriônico incorrigível e não admite a possibilidade de ficar longe dos holofotes. Enquanto presidente da Câmara, o petista circulava por Brasília a bordo de carro oficial e, como se divindade fosse, fazia uso de uma dúzia de estridentes batedores que anunciavam a sua passagem pelas ruas e avenidas da capital dos brasileiros.
Ao ser flagrado no Mensalão do PT, João Paulo Cunha deu desculpas tão esfarrapadas, que sua participação no escândalo ficou mais do que provada.
Contudo, o deputado petista tem razão quando afirma que a história julgará os fatos, sabendo encontrar a verdade. Usar a falsa sensação de que o povo melhorou de vida como desculpas para os desmandos do partido é querer passar recibo de insanidade. Os milhões de carnês atrasados que se acumulam do Oiapoque ao Chuí são a prova maior de que o PT é uma máquina que mescla, com precisão invejável, mitomania e banditismo.