Cabo de guerra – Além do convívio espúrio e criminoso com a corrupção, o grande erro do Partido dos Trabalhadores é a falta de capacidade de seus integrantes para combinar discursos com antecedência. E quando a discórdia é a dona da situação, os companheiros trocam palavras duras.
Deputado federal pelo PT gaúcho e ex-secretário nacional de finanças do partido, o que lhe confere o privilégio de conhecer a fundo a situação financeira da legenda que protagonizou o maior caso de corrupção do País, Paulo Ferreira não gostou da recente manifestação do companheiro Olívio Dutra, contrário à posse de José Genoino na Câmara dos Deputados.
Condenado a seis anos e onze meses de prisão no processo do Mensalão do PT, José Genoino, ao assumir mandato de deputado federal na condição de suplente, não cometeu qualquer ilegalidade, mas protagonizou uma situação constrangedora e imoral, não sem antes fazer do Brasil um picadeiro com dimensões continentais. Como sabem os leitores do ucho.info, aqui é uma das poucas e sólidas trincheiras da coerência. E por conta disso entendemos ser contraditório um político que foi condenado por desrespeitar as leis tomar posse em uma Casa legislativa.
Considerando o desconforto de Olívio Dutra com o fato, o constrangimento nas coxias do PT possivelmente é maior do que muitos imaginam. Contudo, a decisão de José Genoino de exercer o mandato parlamentar, até o trânsito em julgado da sentença condenatória proferida pelo Supremo, teve o aval de Lula, que defendeu o enfrentamento político.
A situação de Genoino piora sobremaneira com as críticas do petista Olívio Dutra, ex-governador do Rio Grande do Sul, que em dado momento de sua gestão foi acusado de envolvimento com bicheiros, de quem teria cobrado propina para financiar campanhas petistas ao governo estadual e ao Senado Federal. O caso foi confirmado por José Vicente Brizola, recentemente falecido, que à época dos fatos era presidente da Lotergs, empresa do governo gaúcho que explora a jogatina em um dos mais belos e acolhedores estados da federação.