Fim dos tempos: Renan Calheiros continua como favorito no Senado e Genoino é aplaudido na Câmara

Contra a lógica – A Câmara dos Deputados é a casa parlamentar que representa o povo. O Senado Federal, por sua vez, representa as unidades da federação, os estados. Por isso as eleições para o Senado são consideradas majoritárias. Mas essas são explicações técnicas, que na prática diferem da realidade e da lógica, porque deputados e senadores são eleitos com o voto popular e por consequência representam o povo.

Com base na tese que ambas as Casas parlamentares do Congresso Nacional são representantes do povo, não se pode virar às costas para o desejo popular e deixar que prevaleça o corporativismo ou regras inventadas de forma bisonha no momento da escolha de seus respectivos presidentes.

No âmbito legal nada há que impeça o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) de manter sua candidatura à presidência do Senado e ser eleito. As acusações contra ele, que culminaram com o oferecimento de denúncia por parte do procurador-geral da República ao STF, ainda não consolida culpa. Contudo, sua candidatura, depois do escândalo que o obrigou a renunciar à presidência do Senado, é no mínimo amoral, não sem antes ser uma apunhalada no dorso do desejo da população.

O povo brasileiro está cansado de casos de corrupção, assunto que toma conta do noticiário quase que diariamente. Mesmo com todas as manifestações contrárias, Renan continua como favorito e deve ser eleito na sexta-feira, 1º de fevereiro. É importante lembrar que campanhas políticas custam dinheiro, muito mais do que os candidatos declaram à Justiça Eleitoral. E esse delta numérico é financiado por alguém que, no futuro, quer a devida contrapartida. Não há no Brasil, talvez em todo o planeta, que financie uma campanha eleitoral por patriotismo ou diletantismo.

É preciso que a sociedade se organize de uma vez por todas e se faça representar de alguma forma em todos os Legislativos, não apenas pelos eleitos. É necessário se fazer presente, acompanhar o trabalho de quem foi eleito e cobrar aquilo que cabe à sociedade. De nada adianta cumprir a obrigação de votar e depois abandonar a cena, como se a política fosse uma reunião de querubins.

A desmoralização vem avançando sobre o universo político, achincalhando a cidadania diuturnamente, mas o brasileiro parece estar se acostumando com esse status quo vexatório.

Entre a legalidade e amoralidade há uma enorme distância. Outro exemplo de amoralidade é o petista José Genoino, que depois de condenado a mais de sete anos de prisão pelo Supremo, no caso do Mensalão do PT, assumiu mandato de deputado federal na Câmara. Como se a afronta fosse pequena, na quarta-feira (29), durante reunião da bancada petista na Câmara, Genoino foi aplaudido pelos companheiros de legenda.

Diz a sabedoria popular que cada povo tem o governante que merece. Verdadeira ou não tal afirmação, só faz o papel de palhaço que quer. No momento em que a sociedade deixar de classificar a política como um tema chato e enfadonho e passar a acompanhá-la, cobrando seus direitos, é possível que esse cenário de desfaçatez comece a mudar, pois a democracia continua sendo o modelo político em que o poder emana do povo. Por enquanto, o picadeiro está montado e funcionando a todo vapor. Enfim…