Tarso Genro arrumou parceiro de covardia e deixa o delegado de Santa Maria abusar do “achismo”

Caso de polícia – Coragem é o que falta ao governador Tarso Genro e ao secretário de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, Airton Michels, para que o delegado regional de Santa Maria, Marcelo Arigony, seja preso e exonerado do cargo? Parece que sim! Responsável pelo inquérito que apura as causas do acidente ocorrido na boate Kiss, na cidade da região central do estado, Arigony fala o que bem entende e quando quer. Não importa se suas palavras sejam verdadeiras ou resultem de um “achismo” burro e petulante.

Tarso e Michels perderam o poder de mando e já não conseguem controlar o delegado, cada vez mais deslumbrado com os parcos – e possivelmente únicos – minutos de fama da sua carreira policial. Depois de postar em sua página do Facebook uma foto que seria da parte interna da boate que foi consumida pelo fogo no último domingo (27), sugerindo aos seguidores que tirassem conclusões a partir da imagem, Marcelo Arigony convocou a imprensa para uma entrevista coletiva na tarde desta quinta-feira (31). O pior é que a imprensa, que adora vender tragédia, abre espaço para um tresloucado que já acredita que é o xerife dos pampas.

Aos jornalistas, Arigony afirmou que a espuma que revestia o teto da boate, onde morreram 235 pessoas, “foi a causa das mortes”. Como um delegado faz uma afirmação dessa natureza se o trabalho da perícia ainda não foi concluído?

“A espuma foi colocada com a finalidade de melhorar a acústica do local”, disse o delgado regional de Santa Maria. Quem disse isso a ele? Com que direito esse cidadão dispara o seu besteirol, sem ter em mãos as provas daquilo que afirma e balbucia diante de câmeras e microfones?

A tristeza profunda ainda silencia o Rio Grande do Sul, mas Marcelo Arigony chama para si a prerrogativa de transformar uma investigação, que seria rigorosa segundo o governador Tarso Genro, em uma ópera bufa sem precedentes.

Esse palavrório das autoridades sul-rio-grandenses serve apenas e tão somente para confundir a opinião pública e proteger pessoas envolvidas no crime e possivelmente em outros maiores que tinham os subterrâneos da casa noturna como palco.

Investigação policial não se desenvolve na seara do “talvez”, “quem sabe”, “quiçá”, “pode ser”, “possivelmente”… Se Marcelo Arigony não sabe, mas deveria saber, um inquérito pirotécnico como o que ele conduz é tão criminoso quanto o incêndio que matou jovens que se divertiam. Investigação policial é uma sequência de procedimentos que visa a exatidão e não abre espaço para a suposição.

Que Tarso Genro é frouxo todos sabem e a história já mostrou, mas o secretário Airton Michels poderia pelo menos mandar o “xerifinho de ocasião” de Santa Maria ficar quieto e lembrá-lo que para chegar a popstar ainda será preciso percorrer algumas galáxias, já que para dar-lhe voz de prisão ainda não apareceu um corajoso na terra de ximangos e maragatos, que derrama sobre a pilcha o lamento de um povo.

Governador Tarso Genro, mesmo que por um instante, valha-se da coragem alheia, emprestada ou alugada e conte ao Brasil quem é o protegido da vez.