Depois de criticar o Brasil, secretário da FIFA muda de opinião, filosofa e é só elogios à terra de Macunaíma

Dois lados – Quando o editor do ucho.info declara, escreve, reafirma e reescreve que torce contra a seleção brasileira, muitos ficam indignados, alegando que se trata de falta de patriotismo. Patriota é quem defende a pátria até as últimas circunstâncias, não aquele que se deixa enganar por um espetáculo que faz parte do medieval binômio “pão e circo”, acionado pela quadrilha que atua nos bastidores do futebol planetário.

Meses depois de a FIFA a anunciar que o Brasil sediaria a Copa de 2014, o secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke, veio ao Brasil e externou sua preocupação com a caótica situação dos aeroportos do País. E não foi sem razão. Sem saber como conviver com o contraditório, Lula chamou Valcke de idiota. Não de forma direta, mas ofendeu aquele que trabalhou nas coxias como consultor da candidatura do Brasil para sediar a competição.

A realidade dos aeroportos nacionais pouco mudou depois da crítica, mas Valcke voltou ao Brasil e provocou uma enorme polêmica, quase um conflito diplomático. Disse o executivo da FIFA, à época, que diante da morosidade das obras para a Copa o Brasil merecia um pontapé na bunda. Como continua merecendo. A turma do “deixa disso” entrou em cena e liquidou a questão.

Pelé, que disse, há anos, que o Brasil corria o sério risco de passar uma enorme vergonha, da noite para o dia mudou de ideia e passou a defender a realização da Copa no País. Afinal, o governo chamou-o para ser o “embaixador” do Brasil para as questões da Copa. Ao Comitê Organizador Local juntaram-se algumas celebridades do futebol, entre as quais o ex-atacante Ronaldo Nazário.

Mesmo com esse time de estrelas futebolísticas montado às pressas pelas autoridades brasileiras para jogar sobre a realidade uma densa cortina de fumaça, as críticas continuaram, pois o óbvio é incontestável. O Brasil nunca teve e continua não tendo condições de recepcionar um evento dessa magnitude. Com o governo federal se recusando a investir em infraestrutura, os brasileiros serão alvo de chacotas no exterior durante e depois da competição.

Agora, quem ataca os críticos é Jérôme Valcke, que usou um espaço no site da FIFA para dirigir palavras diplomaticamente ácidas àqueles que têm criticado a preparação da Copa no Brasil. “É muito difícil entender por que, em um país que vive e respira futebol e onde em breve torcedores estarão apoiando as melhores seleções do planeta, algumas poucas pessoas continuam a enxergar apenas aspectos negativos, mesmo que não haja nada de negativo”, escreveu o secretário-geral da FIFA.

“O Brasil é um país fantástico em todos os sentidos. Tenho orgulho de organizar ao lado dos brasileiros o maior evento esportivo do mundo. Como tudo na vida, porém, você pode ver o copo meio cheio ou meio vazio. É uma questão de atitude. Aqueles que o enxergam meio vazio correm grande risco de perder o momento quando o copo estiver finalmente cheio”, completou o filósofo de ocasião Valcke.

Para quem até outro dia só conseguia enxergar o copo meio vazio, Jérôme Valcke evoluiu muito em termos de opinião ou aprendeu a andar plantando bananeira. Quando a Copa do Mundo acabar, Valcke perceberá que, dependendo da situação, que até copo totalmente vazio dá ressaca.