Fora do tom – O Brasil inicia nesta sexta-feira (1º) mais um triste capítulo de sua conturbada história política. Contra a vontade popular, o Senado Federal, com base em acordo partidário espúrio, que conta o aval do Palácio do Planalto, deve eleger Renan Calheiros (PMDB-AL) para a presidência da Casa.
O processo de votação, precedido por discursos de parlamentares, foi aberto há instantes pelo senador José Sarney (PMDB-AP), que se despede do cargo, mas a vitória do alagoano é favas contadas, apesar da candidatura de Pedro Taques (PDT-MT), que conta com o apoio de da oposição e de aliados dissidentes.
No momento em que a política vive um dos seus piores momentos, com o crescente descrédito de um Legislativo que tornou-se um apêndice do Palácio do Planalto, o Senado será presidido por um político que, quando no cargo, foi obrigado a renunciar por causa do escândalo que envolveu uma amante do futuro presidente da Casa e um lobista. Para justificar o pagamento das contas da amante, com a qual teve uma filha fora do casamento, Renan Calheiros usou notas frias de venda de gado, a preços tão estratosféricos que nem mesmo as sagradas vacas da índia alcançariam no mercado mundial.
Indignado com a acusação que ora lhe faz a Procuradoria-Geral da República na esteira do escândalo, Renan Calheiros comandará o Senado nos próximos dois anos, incluindo o período da disputa presidencial de 2014.
Com a eleição desta sexta-feira, o Brasil continuará caminhando de lado na seara política, onde apenas os interesses escusos de seus operadores são privilegiados, transformando o País em uma ditadura disfarçada, que só existe por causa do conchavo criminoso e do escambo imundo. O que não causa nenhum espanto aos que acompanham a política nacional, pois o Congresso Nacional há muito que é um clube privado de negócios.