Presidente da Câmara defende mensaleiros e Brasil poder ter presos com mandato parlamentar

Moeda de troca – Eleição para qualquer dos principais cargos diretivos no Senado e na Câmara dos Deputados é uma empreitada que não sai de graça. Envolve muito dinheiro e exige do vencedor o cumprimento de promessas que, na maioria das vezes, são espúrias. Assim funciona o parlamento brasileiro, um clube privado de negócios cada vez mais exclusivo e onde prevalece o corporativismo, os interesses de uma ínfima minoria.

A eleição do potiguar Henrique Eduardo Alves à presidência da Câmara dos Deputados não exigiu do PMDB apenas que o acordo selado com o PT, há anos, fosse cumprido, mas custou muito dinheiro e o novo presidente precisou o compromisso de desafiar o Supremo Tribunal Federal em relação à perda do mandato dos parlamentares condenado no processo do Mensalão do PT (Ação Penal 470).

Alves é um dos pupilos do vice-presidente da República, Michel Temer, que é um jurista experimentado e conhecedor das leis. Temer, por sua trajetória no mundo do Direito sabe que ordem judicial cumpre-se, não se discute, mas o novo presidente da Câmara dos Deputados já avisou que a decisão final sobre o assunto será da Casa.

Como a eleição para a perda de mandato, caso prevaleça a tese de Henrique Alves, será decidida em plenário e por voto secreto, não causará espécie se os mensaleiros forem levados à prisão e continuarem com os respectivos mandatos. Será mais uma aberração de um país que dispensa a seriedade no trato da coisa pública, como se um mandato parlamentar conferisse ao cidadão impunidade e livre trânsito cometer os crimes que quiser.

Os brasileiros que se preparem, pois mais uma enorme e mal cheirosa pizza pode estar sendo preparada, porque por trás desse desafio que se faz ao Supremo está um projeto totalitarista de poder que é coordenado por Lula e avança a cada dia. Se a perda dos respectivos mandatos dos mensaleiros depender da decisão da Câmara, como quer seu novo presidente, o Brasil estará a um passo de se transformar em uma versão agigantada da Venezuela, onde o regime político, ainda nas mãos moribundas de Hugo Chávez, é criminosamente de exceção.