Torcendo o nariz – A situação do governo Dilma Rousseff no Congresso Nacional não é das mais confortáveis, mesmo com a base aliada. A dupla que está no comando das duas Casas legislativas está longe de ser obediente, o que pode provocar uma zona de atrito com muita facilidade. Renan Calheiros, senador pelo PMDB de Alagoas e presidente do Senado, não carece de maiores detalhes, pois seu currículo fala por si só.
Presidente da Câmara dos Deputados, o peemedebista potiguar Henrique Eduardo Alves também é um rebelde, que no máximo atende aos pedidos de Michel Temer, vice-presidente da República. Na primeira semana como presidente da Casa, Henrique Alves arrumou um problema considerável para o Partido dos Trabalhadores. Após visita ao presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, Alves mudou o discurso em relação à perda dos mandatos dos deputados condenados no processo do Mensalão do PT e disse que cumprirá a decisão da Corte, tão logo as sentenças condenatórias transitem em julgado.
Essa declaração era tudo o que os petistas não queriam ouvir, pois o partido continua insistindo em defender os mensaleiros, alegando que o julgamento do caso foi político. A cúpula do PT sabe que esse palavrório ilógico não mudará a decisão do Supremo Tribunal Federal, mas serve para não diminuir o rebanho de eleitores da legenda. Mesmo assim, está criada, na Câmara, a primeira saia justa entre o PT e PMDB, que, diga-se de passagem, está rachado. E um partido do tamanho do PMDB dividido significa dor de cabeça para Dilma Rousseff e seus assessores palacianos.
Quando o inverno chegar, época em que as sentenças da Ação Penal 470 entrarão em fase de execução, o clima há de esquentar em Brasília. Aguardemos, pois!