Deputado da oposição alerta para o desmonte do Sistema Único de Saúde por parte do governo do PT

Saúde na UTI – O deputado federal Simplício Araújo (PPS-MA) divulgou nesta semana nota oficial em que denuncia o risco de desmonte do Sistema Único de Saúde (SUS) por parte do governo federal. No documento, o parlamentar alerta a classe política, o Ministério Público, o STF (Supremo Tribunal Federal) e a sociedade para a gravidade do pacote de medidas que já está sendo engendrado pelo governo, a portas fechadas com os proprietários dos planos de saúde, inclusive representantes de capital estrangeiro e doadores de campanha, com objetivo de oferecer redução de impostos e subsídios para expandir a assistência médica suplementar sem garantias de uma cobertura de qualidade para a população.

“O governo federal parece que desistiu de vez de garantir uma completa reforma do SUS. O primeiro passo foi negar o comprometimento de, pelo menos, 10 por cento dos recursos da União à saúde”, afirma Simplício. Agora, segundo ele, com o pacote, a “máscara” do governo do PT caiu de vez e fica claro que o partido não quer consolidar uma rede pública de saúde para os brasileiros. “Tampouco, (o governo) não quer sanear descalabro com o dinheiro público, cujo maior exemplo é o Maranhão, onde há 60 hospitais no meio do mato”, critica Simplício.

Na nota, o deputado do PPS alerta ainda para o caráter eleitoreiro das medidas que estão sendo encampadas pela presidente Dilma Rousseff. “Em nome de mais quatro anos de poder, está em marcha o desmonte total do Sistema Único de Saúde. Essas medidas são um engodo, um golpe no bolso dos contribuintes porque transferem recursos públicos para fundos de investimentos privados”, finaliza Simplício Araújo. Leia a nota na íntegra:

“Querem acabar de vez com o SUS”

A classe política, o CNS (Conselho Nacional de Saúde), o Ministério Público do Movimento Sanitário e o Supremo Tribunal Federal (STF) devem ficar atentos para a gravidade do pacote de medidas que prevê redução de impostos e subsídios com o intuito de expandir a assistência médica suplementar, que está sendo negociado em encontros da presidente Dilma Rousseff e sua equipe com donos de planos de saúde, inclusive sócios do capital estrangeiro que chega faminto ao mercado nacional.

O governo federal parece que desistiu de garantir a completa reforma do SUS, primeiro porque negou o comprometimento de pelo menos 10% (dez por cento) do orçamento da União para a saúde. Agora, após reconhecer que o gasto público com saúde é insuficiente para um sistema apontado na Constituição Federal como universal e integral, deixa claro que não consegue controlar verdadeiros desperdícios e arroubos com os recursos públicos, a exemplo do que acontece no Maranhão, onde há 60 hospitais construídos pelo governo estadual abandonados em meio ao matagal.

Com isso, e com a proximidade de mais uma eleição em 2014, retiram-se de cena os sanitaristas e escalam-se maquiavélicos marqueteiros com o intuito de elaborar uma proposta que mascare, pelo menos, por alguns meses, o problema que apavora todas as pesquisas eleitorais em qualquer esfera da Federação, que é o gravíssimo problema de saúde pública.

Em nome de mais quatro anos de poder, podemos assistir nos próximos anos ao desmonte total do Sistema Único de Saúde, e o que é pior, através de um golpe na classe média.

O negócio é bilionário. Trata-se de oferecer aos cidadãos e a pequenas empresas planos de saúde de baixo custo e de cobertura inexpressiva direcionada a um publico que seria penalizado duas vezes, a primeira por já pagar impostos contribuindo, dessa forma, para o SUS e segundo por que teria nos serviços públicos o destino final dos problemas como câncer e doenças de maior gravidade, a vista do que acontece hoje com os grandes planos de saúde.

Esse tipo de paliativo só criaria, em médio prazo, um agravamento maior da caótica e falida situação de saúde publica. O governo federal que busca apenas o devido sustentáculo à sua permanência no poder, não pode apontar para os desvios, os desmandos, devaneios e os gestores incompetentes que causam o sistema ineficiente, pois seria um tiro no pé. Mais fácil maquiar a situação oferecendo aos jovens empreendedores e aos seus saudáveis funcionários e cidadãos a ilusão de uma cobertura através de um plano de saúde “tabajara” instituindo nesses a sensação de proteção que só será revelada, a exemplo do que acontece hoje com quem tem plano de saúde privado, quando se vier a precisar.

Nos Estados Unidos, o governo de Barack Obama tenta equilibrar ao máximo o sistema dos planos privados mais caros do mundo, visando permitir um acesso de maior parcela da população americana, com as devidas garantias de cobertura. Fazer saúde visando apenas o lucro com a doença pode levar o SUS ao colapso total.

O Sistema Único de Saúde foi uma importante conquista da população brasileira, é lamentável ver o governo federal desistir de implantar plenamente um Sistema elogiado em diversos países em nome da limitada capacidade do mesmo, quando, na verdade, a limitação está na incapacidade do governo de combater a corrupção que está entranhada em grande parte nas secretarias municipais e estaduais de Saúde.