Sem rumo – Ainda mais cauteloso depois que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de fevereiro superou as expectativas do mercado financeiro e também do governo federal, os economistas e analistas consultados pelo Banco Central preveem inflação maior para este ano. De acordo com o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (11), a expectativa de inflação saltou de 5,70% para 5,82% em apenas uma semana.
A nova previsão inflacionária acontece dias depois de a presidente Dilma Rousseff anunciar a desoneração da cesta básica, medida que pouco influenciará no cálculo da inflação. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o governo promoverá reuniões com empresários do setor de alimentos para que essa redução tributária seja repassada ao consumidor final, mas isso é utopia de quem perdeu o controle da economia.
Os economistas também apostam na elevação da taxa básica de juro, a Selic, ainda neste ano, que segundo as previsões passaria dos atuais 7,25% ao ano para 8%. Na última reunião, em que por unanimidade foi mantida a Selic, o Comitê de Política Monetária do Banco Central deixou claro que a inflação preocupa e que a taxa básica de juro pode subir.
Essa estratégia de controlar a inflação com o aumento da taxa de juro em nada colabora para a redução da inflação real, porque na ponta o consumidor usuário de cartão de crédito terá pela frente juro de 202% ao ano, ao invés de 200%. E para o cidadão que está atolado em dívidas, essa mudança pouco representa. Na verdade, é o mesmo que dizer a um doente que sua morte acontecerá quinze minutos antes, mas no mesmo dia.
O governo continua errando enormemente ao não fazer as mudanças necessárias na economia, como um todo, e insistir na adoção de medidas pontuais, depois que o problema aparece. Desde o início do governo Dilma, o ministro da Fazenda tem adotado esse procedimento, mas nada do que foi feito até agora surtiu algum efeito positivo. A economia vem registrando pífios índices de crescimento e nada é feito para mudar esse cenário.