Tiro no pé – Os atuais inquilinos do Palácio do Planalto precisam compreender que não será com sandices administrativas que a economia do País mudará de rumo, abandonando a seara da crise. É preciso antes de tudo conhecimento de planejamento por parte das autoridades para que algo de concreto aconteça no Brasil e minimize o calvário que a população enfrenta no cotidiano.
Se Dilma Rousseff está apenas preocupada com sua reeleição, que cuide do assunto e deixe de transformar atos de governo em palanque eleitoral, muitas vezes emoldurados pelo oportunismo barato de quem está preocupado com a possibilidade de tropeçar nas urnas.
Nesta sexta-feira (15), uma semana depois de anunciar com a conhecida pirotecnia de sempre a desoneração da cesta básica, Dilma aproveitou o Dia Mundial do Consumidor para pedir aos empresários do setor de alimentos que tenham “consciência” e reduzam os preços dos alimentos.
“O governo desonerou a cesta. Nós precisamos que essa consciência seja também dos empresários, dos senhores donos dos supermercados, dos produtores, para que de fato a desoneração seja algo que todo mundo ganhe”, disse a presidente durante evento no Palácio do Planalto.
Sem perder qualquer chance que lhe permita vender uma imagem de democrata, Dilma emendou o discurso negando que exista por parte do governo algum tipo de pressão sobre o setor para que sejam reduzidos os preços dos produtos que integram a cesta básica. “A relação do prende e arrebenta acabou. O governo não faz isso. O governo dialoga, o governo persuade. É uma questão também que beneficia o empresário”, destacou.
É preciso reconhecer que a presidente tem razão ao afirmar que a fase do “prende e arrebenta” acabou, até porque seria uma irresponsabilidade agir dessa forma, mas ao mesmo tempo não se pode negar que o governo adotou uma forma mais fácil de agir, não precisando prender. A de arrebentar. E o faz de maneira tão subterrânea e covarde, que a opinião pública não toma conhecimento, quer porque a grande imprensa está comprada, quer porque o consumidor está anestesiado pelo crédito fácil, que alimenta o falso poder de compra.
Como destacou o ucho.info no dia em que a presidente anunciou a desoneração da cesta básica, os preços dos produtos subiram em setembro passado, tão logo os empresários tomaram conhecimento da criação de uma comissão governamental para estudar o tema. Mais caros por precaução da indústria, os produtos passaram a ser comercializados com preços promocionais, o que agora inviabiliza o repasse da desoneração ao consumidor.
Se a medida adotada pelo governo não surtir o efeito planejado, causando à campanha de Dilma um prejuízo eleitoral, não demorará muito e o governo há de ressuscitar os pretéritos “fiscais do Sarney”. É de se perguntar o que passou no pensamento de Lula quando Dilma Rousseff foi apresentada aos brasileiros como a “gerentona”.