Cobertor curto – Ainda ministro da Fazenda, Guido Mantega participou nesta quinta-feira (21) de audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal, ocasião em que mais uma vez procurou mascarar a realidade da economia brasileira, que enfrenta uma crise que vem preocupando diversos setores. Sem admitir o fracasso da política econômica do governo, que sempre é refém dos palpites da presidente Dilma Rousseff, o ministro disse minimizou o pífio avanço do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012. Na opinião de Mantega, a população “olha menos” para o PIB e presta mais atenção nas condições de vida e na renda.
“A população tem conseguido emprego. O jovem brasileiro, antes, não tinha perspectiva de entrada no mercado de trabalho. Hoje, [os jovens] são disputados a tapa. O trabalhador tem várias alternativas. Nos últimos dez anos, criamos 18,7 milhões de empregos. A população quer saber de emprego e de renda e isso tem sido feito em escala monumental”, declarou o titular da Fazenda.
Guido Mantega afirmou que, em 2012, o governo continuou “entregando” emprego e renda, mesmo diante do fraco desempenho da economia. “No ano passado, criamos 1,3 milhão de emprego e a massa salarial cresceu 6%. É isso que interessa para a população. A política econômica, deste ponto de vista, está muito bem”, afirmou.
O governo está absolutamente equivocado em relação à situação da economia e à percepção dos empresários sobre o tema. Em conversa com o ucho.info, dois conhecidos e experientes empresários do setor de alimentação, com passagem por multinacionais, mostraram preocupados com os rumos da economia.
Durante o encontro no começo da tarde desta quinta-feira, um dos entrevistados disse que a economia do País caminha diariamente sobre o fio da navalha e que qualquer movimento em falso será fatal para o País. O nosso interlocutor sugeriu que Dilma deixe os assuntos da economia sob a responsabilidade de técnicos competentes, o que atualmente não acontece.
O outro entrevistado, com larga experiência no mercado internacional de alimentos, alertou para o perigo da desindustrialização que o governo vem promovendo no Brasil.
Longe do ufanismo de Guido Mantega, ambos os entrevistados foram uníssonos ao discordar da forma como o governo tem enfrentado a crise, sempre com atraso e medidas inócuas e pontuais, quando o importante seria uma reforma profunda e de longo prazo, com direito a mudanças no campo tributário.
Sobre a desoneração da cesta básica, os empresários garantiram que a medida serviu apenas para controlar a inflação e como ferramenta política e eleitoral para a presidente Dilma Rousseff, sem proporcionar qualquer benefício expressivo ao consumidor.