Tiro no pé – Não contente com as lambanças de seu governo, Dilma Rousseff agora decidiu desafiar a lógica política, se é que essa atividade pode ser considerada assim. Contrariando a maioria do controverso e ainda aliado Partido da República, que nos últimos tempos usou os escândalos para mergulhar na história, a presidente bateu o pé e confirmou o nome do ex-senador César Borges, um antigo desafeto, para assumir o Ministério dos Transportes.
Antigo integrante do oposicionista Democratas e conhecido por colocar o Palácio do Planalto na mira de sua verborragia, César Borges deixa uma das vice-presidências do Banco do Brasil e muda-se para a Esplanada dos Ministérios. Longe de ser unanimidade dentro do PR, o novo ministro poderá enfrentar a resistência do partido, que já ameaça migrar para a campanha não oficial de Eduardo Campos, governador de Pernambuco e cada vez mais adversário de Dilma em 2014.
Como se pouco representasse o loteamento dos ministérios, Dilma coloca no comando da pasta dos Transportes alguém inexperiente e que dificilmente saberá como lidar com o apagão logístico que vem atormentando o agronegócio. No momento em que o Brasil carece de profissionais capacitados em setores nevrálgicos do Estado, a presidente embarca na canoa furada da politicagem.
O País enfrenta uma séria crise econômica, cujo problema maior está no processo inflacionário e não na política de preços, mas os palacianos fingem desconhecer a realidade e ousam dar lições a outros países em dificuldade. Lula e seus companheiros conseguiram a proeza de jogar pelo ralo a década passada, mas persistir no erro parece que é a especialidade da esquerda verde-loura. Como disse certa vez aquele conhecido filósofo de botequim, “nunca antes na história deste país”.