Ponta do lápis – O líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), e o presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Infraestrutura Nacional, deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP), iniciam nesta semana ações para que a Petrobras explique detalhadamente ao País os planos de desinvestimento da empresa. Os parlamentares alertam que a iniciativa, que já vem sendo chamada pela imprensa de “Feirão da Petrobras”, pode provocar uma série de prejuízos para a estatal. Recente reportagem da revista “Época” denunciou que a Petrobras vendeu abaixo do preço de mercado metade das ações que possui na petroleira argentina Pesa. O negócio, fechado por $ 900 milhões, beneficia um empresário amigo da presidente Cristina Kirchner.
Para debater a situação, Jardim e Bueno querem que a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, compareça o mais rápido possível na comissão de Minas e Energia da Câmara. A audiência já foi aprovada pelo colegiado, faltando apenas a definição da data. “Queremos que o encontro seja marcado logo. Não pode ser postergado”, afirma Jardim, que é um dos autores do pedido de audiência pública.
Em outra frente, o líder do PPS, Rubens Bueno, vai enviar requerimento de informações à Petrobras pedindo detalhes do negócio com o empresário argentino. “O PT passou anos acusando seus adversários promover privatizações generalizadas. Agora, está entregando o patrimônio público a preço de banana”, critica o deputado, lembrando que a Petrobras comprou a participação na empresa argentina por R$ 1,1 bilhão, investiu mais de R$ 2 bilhões no negócio, e agora quer se desfazer de metade das ações por R$ 900 milhões.
“Onde estão os consultores de alto valor de mercado do PT que deixam a Petrobras fazer um negócio desses”, ironiza Bueno, ao lembrar dos casos de negócios públicos e privados envolvendo os ex-ministros Antonio Palocci, José Dirceu e o atual ministro Fernando Pimentel.
Os dois parlamentares do PPS lembram ainda que sob a gestão do PT a Petrobras vem sofrendo prejuízos com maus negócios. Citam, por exemplo, a compra pela estatal de uma refinaria em Pasadena, no Texas, EUA. O preço pago foi de quase US$ 1 bilhão a mais do que o valor de mercado da empresa. A refinaria de Pasadena foi comprada em 2005 pela Astra-Transcor, uma trading belga, por US$ 42,5 milhões. A mesma refinaria foi vendida à Petrobras no ano seguinte por US$ 1,18 bilhão, embora valha no mercado um décimo do que foi pago.
“Como o requerimento para ouvir a presidente da estatal é amplo, vamos abordar todos esses assuntos na audiência da Comissão de Minas e Energia”, adianta Jardim.
Assaltos conhecidos
A Petrobras só não entrou na mira das cobranças da oposição porque a CPI das Ongs, proposta pelo então senador Heráclito Fortes (DEM-PI), terminou em enorme e mal cheirosa pizza. Escolhido como relator da Comissão Parlamentar de Inquérito criada para investigar o repasse de verbas federais a entidades ligadas ao PT e aos partidos da base aliada, o comunista Inácio Arruda (CE) limitou-se a cumprir as ordens do Palácio do Planalto e abafou o que poderia ser um enorme escândalo.
Ao se negar a avançar nas investigações, Inácio Arruda permitiu que o caixa da Petrobras continuasse a ser saqueado por “apaniguados” do governo do PT, que durante alguns anos camuflou a incompetência que domina o partido com o discurso modorrento da herança maldita. Como se fosse pouco, os petistas usaram a tese mentirosa de que a Petrobras seria privatizada caso os tucanos voltassem ao poder central.