Dilma pode fazer o diabo na eleição, mas deputada petista não aceita que Feliciano fale a palavra Satanás

Dois pesos – O Congresso Nacional está tomado por um “bom-mocismo” de ocasião que só interessa a meia dúzia de enrolados que se instalaram no poder na esteira de um cipoal de escândalos sem fim. Conhecida do grande público apenas e tão somente porque cometeu a ousadia de tentar tirar do ar uma campanha publicitária estrelada pela modelo Gisele Bündchen, a deputada federal Iriny Lopes (PT-ES) protocolou na Mesa Diretora da Câmara pedido de abertura de processo disciplinar contra o pastor Marco Feliciano (PSC-SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM).

Ex-ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Iriny se incomodou com recente declaração de Feliciano, que afirmou que antes de sua chegada a CDHM era dominada por “Satanás”.

Iriny Lopes, que presidiu a Comissão em 2006, alega que “é inaceitável que um deputado faça esse tipo de declaração, ferindo a honra e a imagem dos nobres colegas que atuam com dedicação e firmeza para a promoção e valorização dos direitos humanos”.

Em primeiro lugar é preciso lembrar que o Congresso Nacional não é um reduto de monges tibetanos, sempre bem intencionados. O que lá acontece, nos poucos dias da semana em que os parlamentares se fazem presentes, está mais para mármore do inferno do que para nuvem celestial. Iriny Lopes, como boa petista que é, não perde as chances que lhe parecem e nelas pega carona no banco do oportunismo barato.

Se usar a palavra “Satanás” para se referir a alguns parlamentares é motivo de processo disciplinar e eventual perda de mandato, Lula deveria ter sido processado durante a Assembleia Nacional Constituinte, quando abandou a labuta e afirmou que no Parlamento brasileiro existiam 300 picaretas. Anos depois, durante o escândalo do Mensalão do PT, o então deputado federal José Janene (PP-PR), agora do outro lado da vida, usou o termo “filho da puta” para se referir a Lula. E bradou o chulo termo diante de muitos parlamentares, inclusive do PT.

Considerando que Iriny Lopes tornou-se a dona da verdade suprema e a “fulanização” do moralismo barato, que a deputada capixaba, antes de qualquer ação, telefone para a companheira e ex-patroa Dilma Rousseff e cobre explicação sobre a frase “podemos fazer o diabo na hora da eleição”.

Quer dizer, Excelência, que o pastor Marco Feliciano não pode balbuciar a palavra “Satanás” enquanto estão no inferno, mas em cima de qualquer palanque a gerentona inoperante Dilma está liberada para afirmar que faz o dia na eleição.

Essa democracia de araque, deputada, que o seu partido tanto defende, é a mesma que obrigará o povo venezuelano a eleger o candidato de um defunto, cujo paradeiro ainda é desconhecido.

Se for para fazer do Congresso Nacional um picadeiro eterno, nobre parlamentar, que não gaste o suado dinheiro do contribuinte e se apresente em algum circo da sua cidade. Até porque, Dona Iriny, se o Congresso não é circo, muito menos é a casa do Senhor, como canta a banda Asa de Águia no sucesso “Xô Satanás”.